Rafael Lisboa às ordens de Moncho López: "Nunca tive problema nenhum"

Após o fim da qualificação do EuroBasket’2025, na qual Portugal carimbou o regresso às fases finais, Rafael Lisboa voltou a Espanha com a sensação de dever cumprido. Há quatro anos emigrado, primeiro na Bélgica, depois no país vizinho, o base de 25 anos, um dos rostos da geração que deu nova vida ao basquetebol português, representa o Ourense, da Primeira FEB (segundo escalão).

Base formado no Benfica já jogou na Bélgica e no Cantabria de Torrelavega, mudando-se esta época para a Galiza. Prosseguir mais anos além-fronteiras é a intenção do jovem, que gosta de se desafiar.

“Sair de Portugal fez-me crescer. Viver sozinho e em outro país é completamente diferente de estar em casa. Ajuda na maturidade, a lidar com adversidades. Não me arrependo nada. Era um passo que voltaria a dar. Estou muito contente por jogar aqui e nos sítios por onde passei até este ano”, partilha a O JOGO. O jovem já representou Spirou Charleroi e Cantabria, antes de se mudar para a Galiza, onde é orientado por Moncho López, antigo técnico do FC Porto, e tem Diogo Brito como colega.

“Viver sozinho e noutro país é completamente diferente de estar em casa”

Ao cabo de 22 jornadas, o Ourense é oitavo entre 18 emblemas (11v/11d), em posição de play-off. “Começámos a época de maneira muito, muito positiva. Aqui a liga é muito competitiva, homogénea e, por isso, nada é garantido ao fim de semana, o que é sempre apelativo para um jogador. Estivemos no top-5/top-6, perdemos alguns jogos e baixámos um pouco, mas voltámos a ganhar [n.d.r.: 83-84 na visita ao Tizona Burgos] e continuamos dentro do play-off, que é o objetivo. Agora faltam 12 jogos”, relata.

Atento à Liga Betclic, até para seguir os irmãos Bernardo (CA Queluz) e Tiago Lisboa (Imortal), Rafa nota melhorias nos últimos anos - “O nível é melhor do que quando saí, acompanha o desenvolvimento que está a acontecer na generalidade do basquetebol português”, defende -, mas o regresso não é para já. “Quero estabelecer uma carreira no estrangeiro. Tenho o objetivo de chegar um dia à Liga ACB. Trabalho para isso. Um dia voltarei a Portugal, com certeza, mas, enquanto me satisfizer em termos de carreira, vou continuar fora. É uma experiência de que gosto e que me desafia”, conclui.

Números da época são convincentes

Em comparação com a época de estreia na Primeira FEB, pelo Cantabria, Lisboa está a registar melhor rendimento, tendo médias sólidas de 9,8 pontos, 2,3 assistências (top-3 da equipa) e 2,3 ressaltos em 21 jogos. Na longa distância, na qual sobressai o colega Diogo Brito (37 triplos), o base é o quarto melhor atirador (28). Esta época já atingiu os dois dígitos dez vezes, com os 27 pontos marcados ao Zamora, em novembro, a serem o seu máximo.

Às ordens de Moncho López

A mudança de Cantabria para o Ourense possibilitou a Rafael Lisboa reencontrar o técnico Moncho López, que liderou o FC Porto entre 2009 e 2022, mas agora estando na mesma equipa. Em Portugal, o espanhol estava do lado oposto da barricada do base, formado no Benfica e lançado na equipa sénior encarnada em 2017/18, pela mão de José Ricardo. De 2019 a 2021 foi orientado na Luz pelo pai, Carlos Lisboa.

Base ex-Benfica e ex-técnico do FC Porto trabalham juntos, após terem sido rivais em Portugal

“Sei que o Moncho sempre teve o objetivo de me treinar um dia, ele próprio disse isso publicamente. A vontade que eu senti da parte dele, em me ter cá, foi um ponto extra para assinar. Tenho aprendido muito. É um treinador exigente, competente, que entende o jogo e sempre tive essa opinião”, conta. 

Os tempos em que ambos foram rivais ainda originam algumas picardias, com boa disposição à mistura. “Quando jogávamos um contra o outro nunca tive problema nenhum, sempre me tratou com muito respeito. Às vezes falamos do Benfica, do FC Porto, vamos acompanhando os dois a Liga Portuguesa, mas é muito em tom de brincadeira; quem vai ganhar e essas coisas. Também acontece no futebol, não é nada sério”, revela.