Sion Yates emergiu das sombras no Giro e prepara entrada triunfal em Roma
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O ciclista britânico Simon Yates (Visma-Lease a Bike) emergiu este sábado das sombras de Isaac del Toro e Richard Carapaz e ascendeu brilhantemente à liderança da Volta a Itália na 20.ª etapa, preparando-se para uma entrada triunfal em Roma.
Yates, que partiu para a penúltima tirada no terceiro lugar, aproveitou o desinteresse do mexicano da UAE Emirates, anterior camisola rosa, e do equatoriano da EF Education-EasyPost para construir uma vantagem paulatina, mas segura, sobre os dois primeiros classificados na espinhosa subida para o Colle delle Finestre.
Quando Del Toro e Carapaz se deram conta do perigo que corriam já era tarde. Irresistível, o britânico distanciava-se a cada metro e cortou a meta em Sestrière mais de sete minutos antes dos rivais, apenas atrás do australiano Chris Harper (Jayco AlUla), vencedor da etapa, e do italiano Alessandro Verre (Arkéa-B&B Hotels), segundo classificado.
Depois da subida meteórica para o Colle delle Finestre, uma contagem de montanha de categoria especial, que escalou, com aparente facilidade, em menos de uma hora, Yates beneficiou da ajuda do colega de equipa belga Wout van Aert para aumentar a vantagem antes da ascensão final para Sestrière.
O britânico não poderia ter escolhido melhor local para o seu "tour de force". Foi naquela mesma montanha que, em 2018, se desmoronou perante o ataque de Chris Froome e, após 13 dias seguidos no comando e a apenas três da consagração, deixou escapar o Giro para o compatriota. “Esta etapa estava na minha cabeça desde que foi revelado o percurso. Queria fechar o círculo de alguma forma. Consegui, é incrível. É o auge da minha carreira e nada o poderá superar”, desabafou, em lágrimas, o mais que provável vencedor da Volta a Itália.
A pletora do britânico não explica na totalidade o verdadeiro golpe de teatro que o Giro viveu na véspera da chegada à capital italiana. Existe uma dose considerável de responsabilidade de Del Toro e Carapaz, que pareciam ser os únicos destinados a lutar pela vitória final e só tinham olhos um para o outro.
Talvez por isso, não terão reparado quando Yates passou por eles no colosso montanhoso (com 9,2% de inclinação média, 18,5 quilómetros de extensão, metade dos quais em piso de terra), ou, se repararam, poderão ter-se lembrado das dificuldades demonstradas na véspera por Yates e desvalorizaram a iniciativa do britânico.
Yates dobrou o Colle delle Finestre já com a camisola rosa virtualmente vestida e foi então, quando Del Toro lançou os braços ao ar na descida, após uma última e desesperada tentativa de entendimento com Carapaz, que se percebeu que o Giro de 2025 teria um vencedor diferente do esperado.
O ciclista da Visma-Lease a Bike apresentou-se na partida com 1.21 minutos de atraso para Del Toro e 38 para Carapaz e terminará o dia com 3.56 de vantagem sobre o mexicano e 4.43 sobre o equatoriano, que deverão completar o pódio da 108.ª edição da prova.
A demonstração de força de Yates quase ofuscou o esforço igualmente meritório de Harper, que resistiu sozinho durante a parte mais dura dos 205 quilómetros da etapa entre Verrès e Sestrière, impondo-se em 5:27.29 horas, com 1.49 minutos de vantagem sobre Verre e 1.57 sobre o novo camisola rosa.
Aos 32 anos, o britânico prepara-se para conquistar a segunda grande Volta, depois do sucesso na Volta a Espanha de 2018 e um longo interregno de sete anos. O passeio de 143 quilómetros em Roma, no domingo, encarregar-se-á de o confirmar.