Quatro mestres da ilha de Okinawa (Japão), onde nasceu a modalidade, estiveram este fim de semana em Portugal.
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Há mais de 30 anos que Jorge Monteiro, Instrutor Chefe de Portugal, organiza estágios de karaté, mas desta vez fê-lo a convite das autoridades governamentais de Okinawa, ilha do Japão e berço da modalidade. Com mais de 600 participantes nesta edição, que mais uma vez decorreu na Maia - "Também já fiz em Gaia, anos 80, no Rosa Mota, no Porto, em Matosinhos, na Nave, em Espinho, mas tenho feito na Maia porque é onde tenho melhores condições e mais apoio", justificou -, Monteiro contou com a presença dos mestres Tsutomu Nakahodo (86 anos), Masaaki Ikemiyagi, Hitoshi Oyakawa e Kuramoto Masakazu.
"No karaté desportivo treina-se para ganhar ao adversário e no karaté tradicional treinamos para nos superarmos"
"Há medida que o estágio ia decorrendo, íamos tirando as nossas conclusões. E eu notei que estava a ser bom para as crianças perceberem que se pode fazer karaté tradicional, o goju-ryu, durante toda a vida", disse o organizador do evento.
"Por outro lado, a ideia deste estágio era trazer até nós o karaté de Okinawa para que o karaté tradicional, que é muito diferente do desportivo, não acabe", continuou Jorge Monteiro, explicando: "A principal diferença é que no karaté desportivo treina-se para ganhar ao adversário, como é normal na competição, e no karaté tradicional treinamos para nos superarmos, para o praticar cada vez melhor. Nunca se chega à perfeição, mas a ideia é tentar alcançá-la."
"Muitas crianças praticam karaté porque são mais agitadas"
Monteiro, de 57 anos, que recentemente foi nomeado Conselheiro da IOGKF (Federação Internacional) referiu mesmo que "muitas crianças praticam karaté porque são mais agitadas", justificando: "Sendo esta modalidade uma filosofia de vida, uma forma de saber viver em sociedade, muitos pais trazem as crianças para a praticar e aprenderem a ser mais calmas."
Portugal superou adesão na Rússia
Esta foi a segunda vez que o governo de Okinawa organizou um estágio de karaté tradicional na Europa. A primeira foi na Rússia, em novembro de 2018, mas não correu conforme era esperado pelos governantes daquela ilha japonesa.
"Mais uma vez provamos que sabemos receber, mas, além disso, eles ficaram muito satisfeitos com a adesão que o estágio teve. Na Rússia tiveram cento e poucos participantes e aqui foram mais de 600", contou Jorge Monteiro, explicando que "todos os custos foram pagos pelo Governo de Okinawa".