"Quase morri na Nazaré, é a onda mais perigosa do mundo"

Em entrevista ao programa brasileiro "Esporte espetacular", Pedro Scooby, surfista de ondas gigantes, lamentou a perda do seu amigo Márcio Freire, que faleceu na Nazaré na semana passada, e pediu maior controlo e fiscalização a quem surfar na Praia do Norte.

"Há três anos eu quase morri num acidente lá. Fiquei três ondas debaixo de água, por um minuto. Perdi a visão por falta de oxigenação do cérebro. A Nazaré tem um peso diferente das outras ondas do mundo, um movimento diferente. Você vê da areia, você está próximo da terra, mas tem um movimento como se fosse em alto mar. E não tem fundo. É a onda mais perigosa do mundo, a mais pesada. Você cai e não bate na areia, como noutras praias. O mar não tem cabelo e nem corrimão, é fundo, não tens o que fazer. Pode ter acontecido qualquer coisa, não sabemos, mas o que sabemos é que foi uma perda de um grande ídolo. É uma perda imensurável. Todo o mundo do surf está a sofrer com isso", começou por dizer.

"Eu acho, de coração, que o que tem que mudar em Nazaré é a fiscalização. Eu surfo lá há dez anos e, quando vou entrar no mar, entro com a minha dupla, com a minha equipa de resgate... A entrada é fácil, é uma onda que dá para surfar do lado, em segurança. É a onda mais pesada do mundo, mas a mais fácil de surfar em segurança. Tem que ter fiscalização para que todos os surfistas tenham um curso, equipa com a pessoa que fica com o rádio na areia contando o que está a acontecer no mar para quem está no jet ski. Isso já salvou muita gente. E o equipamento adequado. Há o colete insuflável. Tudo isso diminui os riscos. O surf de ondas gigantes é um desporto de risco, pode ser fatal. O que precisa é fiscalização para não virar um parque de diversões. A Nazaré não é brincadeira. Isso é o que acontece. Mas o Márcio era um tipo preparado, com totais condições de surfar ondas muito maiores. Era um ídolo", completou Scooby.

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