Guarda-redes Edu falhou o Mundial de futsal por ter sido infetado com covid-19 na véspera da viagem para a Lituânia. Foi o "pior momento da carreira".
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Bem se pode dizer que o Mundial de futsal que Portugal ganhou equivaleu, para Edu, a morrer na praia. O guarda-redes, 25 anos, testou positivo à covid-19 na véspera da viagem para a Lituânia e a O JOGO reconheceu ter passado dias difíceis. Está agora de volta para ajudar a defender o título europeu.
Ainda tem o certificado de recuperação válido. Nem pode ouvir falar da covid...
-É verdade... Cada vez que faço um teste, e até já disse isso ao doutor, fico nervoso. Só quero fazer e que isso passe logo para poder continuar cá.
Mas, antes de testar positivo, teve sintomas, apercebeu-se de que algo poderia estar errado?
-Naquele dia sentia-me um pouco constipado, disse logo ao doutor, e conseguimos ver o resultado antes de me juntar ao grupo.
Qual foi a primeira reação?
-Foi muito mau, o pior momento da minha carreira. Quando vi os dois risquinhos no teste, pensei logo que ia perder o Mundial. Sabia que era o último dia antes de viajarmos para a Lituânia e que não havia voltar a dar, porque o "míster" já tinha dito que teria de trocar. Fiquei dois/três dias mal em casa, mas quando a Seleção começou a jogar, passou tudo.
Quando é que o telefone tocou para ir ver a final?
-Estava a sair do isolamento, quando o Pedro Dias [diretor FPF] me ligou. Tinha de me juntar à minha equipa, mas disse que se Portugal fosse à final, certamente estaria presente. Quando a equipa ganhou ao Cazaquistão [meias-finais], liguei ao Pedro e disse que tinha de ir para lá de qualquer maneira. Estou muito agradecido à FPF pelo presente que me deu.
Passou mal ao ver os últimos minutos da final na bancada?
-Passei muito mal. Tinha o Nuno Dias [treinador do Sporting] e o antigo selecionador da Argentina ao meu lado e não conseguia estar quieto no palco VIP. Quando o jogo acabou, as lágrimas correram-me logo.
Jorge Braz disse que não foram 16 campeões, mas sim 17. Isso tocou-o?
-Sim, sempre senti que estava dentro da família.
Portugal pode ser considerado favorito neste Europeu pelo estatuto de campeão europeu e mundial que leva?
-Não. Há cinco ou seis seleções muito fortes e temos de trabalhar jogo a jogo, ir devagar, já chegámos ao maior patamar, mas, agora, temos de começar tudo de início, porque num instante a tua confiança vai por água abaixo.
Herança de Bebé para melhorar
Bebé foi o guarda-redes que jogou durante quase todo o Mundial, enquanto Vítor Hugo se revelou importante no desempate por penáltis com o Cazaquistão, nas meias-finais. Nenhum deles vai ao Europeu e Edu quer honrar a herança.
O Bebé foi uma das figuras no Mundial, mas não foi convocado para o Europeu. É uma herança pesada?
-O Bebé fez um Mundial incrível, não só ele, mas também o Vítor Hugo. Eu e o André Sousa temos a grande responsabilidade de procurar fazer igual ou melhor.
Que diferenças há entre Edu e André Sousa, face à dupla Bebé/Vítor Hugo?
-A maturidade. Posso dizer que eu sou mais do estilo do Vítor Hugo e o André Sousa é mais parecido com o Bebé.
Então, se houver penáltis, vai ser o Edu a defender, como o Vítor Hugo fez no Mundial?
-Isso é o "míster" a decidir, mas sei que ele confia em mim.