Professor e aluno amigos e rivais lutam pela vaga única na vela para Paris'2024
O êxito de Eduardo Marques, ao garantir no sábado o 16.º e derradeiro bilhete disponível nos ILCA 7 dos Mundiais foi para o país: vai ter de aguardar pelas regras que a federação ditará para definir quem competirá em Marselha, se um dos dois amigos ou ainda Santiago Sampaio, o terceiro elemento luso da classe em Haia
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O professor Eduardo Marques vai ter de defender a vaga olímpica que conquistou no sábado na classe ILCA 7 nos Mundiais de Haia perante o seu antigo pupilo Lourenço Mateus, amigo em terra, agora obrigatoriamente rival na água.
"Sempre que pode, continua a ajudar-me. É fantástico, uma ótima oportunidade para mim. Somos excelentes amigos. É um excelente velejador, muito capaz, um ídolo e modelo", elogia Lourenço, 23 anos, em declarações à Lusa, sobre o seu exemplo inspirador e maior obstáculo ao cumprimento do seu sonho olímpico.
O êxito de Eduardo Marques, ao garantir no sábado o 16.º e derradeiro bilhete disponível nos ILCA 7 dos Mundiais foi para o país: vai ter de aguardar pelas regras que a federação ditará para definir quem competirá em Marselha, se um dos dois amigos ou ainda Santiago Sampaio, o terceiro elemento luso da classe em Haia.
Eduardo Marques, 29 anos, que se define como um velejador "inteligente e que nunca desiste", reconhece igualmente valor e um intelecto acima da média ao seu antigo aluno, considerando, porém, que este poderá evoluir ainda mais se for menos teimoso.
"Ele é bastante inteligente também, porém às vezes a teimosia ganha-lhe. Por vezes insistimos muito numa coisa que já se prevê que não vai acontecer. Na ânsia que vai dar, vai dar, vai dar para passarmos não sei quantos barcos... É o maior problema dele", aponta, entre sorrisos.
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Lourenço Mateus admite que ainda comete "muitos erros" e que corrigi-los é a sua prioridade, a tempo de, em 2024, conseguir bater o mestre e poder assim representar Portugal olimpicamente nas águas de Marselha.
"Sou muito trabalhador e nunca desisto (...) Não descarto nada. Tudo é possível", avisa.
Nos mundiais de Haia, que terminam hoje, Luís Rocha não é apenas do diretor técnico nacional, pois está nos Países Baixos igualmente com a função específica de orientar o trio dos ILCA 7.
"O Eduardo caracteriza-se pela ambição. É extremamente ambicioso, quer chegar um dia à elite da vela mundial. Um trabalhador exemplar, muito minucioso e objetivo na análise das regatas e na avaliação do que tem de ser melhorado. É a sua mais forte característica. É objetivo na análise e empenhado a resolver as suas dificuldades e aumentar ainda mais as suas qualidades", elogia.
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Sobre Lourenço, o responsável técnico destaca a sua "resiliência impressionante", recordando que é um atleta que "trabalha muito, arduamente", persistindo na luta apesar dos resultados andarem regularmente abaixo das suas expectativas.
"Isso não o tem demovido de continuar a trabalhar. É bem o exemplo de que, acreditando, um dia as coisas vão acontecer. Acredita e nós também. Talvez a melhor característica do Lourenço, a sua resiliência", completou.
Eduardo Marques terminou os mundiais em 24.º, 16.º na contabilidade por países, enquanto Santiago Sampaio foi 74.º e Lourenço Mateus 80.º entre 138 competidores.
Na capital dos Países Baixos começou a qualificação para Paris'2024, sendo que, posteriormente, há um período de repescagem europeu - datas e locais distintos para as diferentes classes -, antes de um último evento, mundial, em França, para atribuição dos derradeiros ingressos.