Presidente da arbitragem europeia a O JOGO: "Espero que Portugal esteja no Euro'2020"
Dragan Nachevski, macedónio de 63 anos, e presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Europeia, esteve em Portugal e concedeu uma entrevista exclusiva a O JOGO
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Com o primo Marjan, Dragan Nachevski formou uma das mais famosas duplas de arbitragem de sempre do andebol, tendo apitado várias finais e meias-finais de campeonatos da Europa e do Mundo, para além de competições europeias de clubes. O macedónio, de 63 anos, esteve em Portugal e conversou com O JOGO.
Que veio fazer a Portugal?
-Vim dar um seminário para os árbitros portugueses, organizado pela Federação de Andebol de Portugal. Fui convidado para falar um pouco sobre algumas diretrizes e algumas mudanças de linhas de orientação e critérios que se verificaram em 2018.
Tem boa relação com os dirigentes da Federação de Andebol de Portugal?
-Tenho, sim, como com o António Marreiros, que é membro do sector da arbitragem da EHF [Federação Europeia de Andebol]. Mas não vim a Portugal só por causa deste bom relacionamento, vim principalmente por causa deste seminário e destes esclarecimentos que foi importante transmitir.
"Estamos a falar de um país que gosta muito de desporto e desta modalidade em particular e é uma pena estarem há algum tempo afastados das grandes competições internacionais de seleções"
Sei que viu alguns jogos em Portugal. O que acha do nível do andebol português?
-É verdade, vi o ABC-Benfica, para a Taça de Portugal. Mas, antes de mais, quero dizer que sempre tive uma boa impressão do andebol português. Estamos a falar de um país que gosta muito de desporto e desta modalidade em particular e é uma pena estarem há algum tempo afastados das grandes competições internacionais de seleções, mas eu acredito que desta vez, com 24 equipas, Portugal irá conseguir a vaga que merece há muito tempo. Mas estamos perante um Sporting a disputar os oitavos de final da Liga dos Campeões e o FC Porto a fazer uma grande campanha na Taça EHF. A nível de clubes, têm feito boas temporadas nos últimos anos.
É verdade, mas, ao nível da Seleção Nacional, Portugal não está numa grande competição internacional desde o Europeu da Suíça, em 2006...
-Sim, mas como a competição interna está a fazer grandes progressos, eu suponho e espero que Portugal esteja no Europeu de 2020.
Acredita mesmo que é possível estar de regresso aos grandes palcos já no próximo ano?
-Eu acredito que sim. Como disse, são agora 24 equipas e Portugal tem todas as chances de chegar lá.
O Dragan é presidente do Conselho de Arbitragem. Nesse sentido, como encara esta mudança que permite às equipas atacar com sete jogadores de campo?
-Eu não faço nem mudo as regras, mas estou envolvido num grupo de responsáveis para o estudo das regras. Concretamente em relação a este tão falado sete contra seis, nunca gostei. Se analisar bem as estatísticas, entre sete e dez golos são sofridos quando as equipas jogam nesse sistema.
Acredita que essa regra pode vir a ser alterada de novo?
-Tudo é possível, estamos sempre abertos a novas ideias para tornar o andebol melhor. Se houver essa sugestão, iremos enviá-la para a Federação Internacional de Andebol e para este grupo de especialistas e, assim, veremos a possibilidade de mudar.
Não acha que o jogo está mais rápido e mais espetacular?
-Que o jogo está mais rápido, sem dúvida, que há mais golos também, mas deixamos de apreciar a beleza do andebol jogado com cabeça, com um bom ataque, com boas jogadas. Agora o andebol é correr, marcar, correr mais e marcar mais. Por isso, se está mais espetacular, não sei. Eu, por mim, gosto mais de um jogo de andebol bem pensado, que não tem de ser lento.