Só há seis atletas nacionais com mínimos para os Jogos de 2021, mas o novo ranking coloca mais 14 em lugar de apuramento.
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A exemplo do golfe e do ténis, o atletismo estabeleceu um ranking de qualidade - denominado World Ranking -, que escalona os atletas a nível geral e em cada prova, levando em conta a presença em campeonatos internacionais e nacionais e nas mais várias reuniões.
Essa listagem rompe em absoluto com o passado, pois dá acesso, por exemplo, aos Jogos Olímpicos, o que, historicamente, só sucedia com a obtenção de mínimos. Nem os campeões em título tinham entrada sem uma marca que provasse estarem em forma, enquanto nos Estados Unidos os atletas ainda têm de passar pelos "trials". Essa nova ferramenta de aferição permite, a um ano de distância, abrir a porta para Tóquio à maioria dos melhores atletas portugueses, já que pelos mínimos fixados só seis conseguiram o acesso, que está garantido em absoluto pela World Athletics. Do ranking poderão sair mais 14 para os Jogos Olímpicos.
Foi aos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, que Portugal levou um máximo de 34 atletas. Acabou por ser a pior prestação desde 1972...
O caso de Nelson Évora é exemplar. O campeão olímpico do triplo salto de 2008, que no ano passado, com 17,13 metros, ficou a um escasso centímetro do mínimo para Tóquio, é 21.º no ranking para uma prova que contará com 32 atletas. Esse lugar deve-o ao título europeu de 2018 (e que se manterá vigente, pois o campeonato de 2020 foi anulado) e aos resultados em quatro meetings de 2019.
Outro caso curioso é o de Auriol Dongmo, que na passada semana fez a melhor marca mundial no lançamento do peso ao ar livre. Os 19,27 metros ultrapassam largamente o mínimo olímpico (18,50m), mas a WA decidiu não aceitar como mínimos as marcas feitas entre 6 de abril a 30 de novembro de 2020. A lançadora do Sporting é 25.ª do ranking, com as vitórias nos campeonatos portugueses de pista coberta e ao ar livre e no Nacional de clubes.
Tendo Portugal 20 atletas em condições de ir a Tóquio e candidatas ao apuramento como Sara Moreira, Jéssica Augusto e Inês Henriques, a comitiva do atletismo irá ficar ao nível das últimas quatro presenças, que variaram entre os 27 (2008) e os 23 atletas (2016).