Seleção Nacional faz esta quarta-feira o primeiro jogo com os olhos nos quartos de final
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Depois de passar a conduzir Portugal às fases finais das grandes competições com frequência, desta vez Paulo Jorge Pereira assumiu que chega ao Mundial da Croácia, Dinamarca e Noruega, que os Heróis do Mar iniciam esta quarta-fera, frente aos Estados Unidos (17h00, RTP 2), tendo os quartos de final como objetivo claro. Uma meta ambiciosa, sabendo-se que tal representa ficar nos oito primeiros e que a melhor classificação da Seleção Nacional num Campeonato do Mundo foi um décimo lugar (Egito’2021), mas, contudo, assente no trabalho que vem a desenvolver desde há oito anos e da mescla de atletas que tem à disposição.
Em 2019, com a geração de 1996/97/98, ou seja, Miguel Martins (Aalborg, Dinamarca), Luís Frade (Barcelona, Espanha), Alexandre Cavalcanti (Melsungen, Alemanha), Leonel Fernandes (FC Porto) ou Gustavo Capdeville (Benfica), a dar força há que existia de 1990, com Pedro Portela (Sporting) e António Areia (Tremblay, França) e ainda a colaboração de Rui Silva e Fábio Magalhães, ambos do FC Porto, como que surgiu uma nova Seleção de andebol. As primeiras conquistas foram conseguidas com essa mistura geracional e com uma boa base do trabalho então desenvolvido pelo FC Porto, revolucionário da utilização do afamado 7x6, que também deu brado na equipa nacional.
Agora, com todos os atletas referidos entre os escolhidos, Paulo Pereira somou-lhes o sangue novo dos irmãos Martim e Kiko Costa, ambos do Sporting, Salvador Salvador, também dos leões, e dos portistas Diogo Rêma, Ricardo Brandão e de Miguel Oliveira - a este já lá iremos -, ou seja, a geração de 2001 a 2005, formando um grupo fortíssimo, que vai dos 19 anos de Kiko aos 36 de Fábio. A qualidade é inegável e, desta vez, mais assente na forma de jogar dos verdes e brancos, nos quais impera uma defesa de aço e muito contra-ataque desenvolvido de forma veloz.
Noruega é o mais duro
Se a equipa das Quinas inicia a prova, esta tarde, frente a uma seleção sem grande tradição e à qual está obrigada a ganhar, na segunda jornada, depois de amanhã, apanha um Brasil com quem tem contas a ajustar relativamente ao Mundial anterior. Também será “obrigatório” vencer, não para chegar ao Main Round (passam três num grupo de quatro), mas para ter condições de alcançar os quartos de final. O terceiro e último jogo da Seleção Nacional na primeira fase é contra a Noruega, equipa da casa. É o osso mais complicado de roer, mas um triunfo sobre os nórdicos não é impossível. No último duelo a equipa das Quinas perdeu, em Tatabánya, na Hungria, no pré-olímpico para Paris’24, por 29-32, mas, na penúltimo, na primeira jornada do Main Round do Euro’24, venceu por 37-32.
Miguel Oliveira chamado
Apresentado pela Federação de Andebol de Portugal como “Joker in”, Miguel Oliveira, capitão da Seleção Nacional de sub-21 que na passada semana esteve a jogar o Torneio das Quatro Nações, foi chamado ao Mundial por Paulo Jorge Pereira. O universal do FC Porto, que se mostrou a grande altura num momento em que Rui Silva esteve lesionado, está na convocatória “com o objetivo de antecipar alguma eventualidade do ponto de vista físico”, lê-se no site da FAP. Miguel Oliveira, que anteontem fez 21 anos, pode fazer a estreia absoluta.
O homem da mudança
Com apenas 38 anos, Paulo Jorge Pereira foi o escolhido por José Magalhães para suceder ao sérvio Branislav Pokrajac, de quem tinha sido adjunto, e treinar o FC Porto. Em três épocas, entre 2003/04 e 2005/06, ganhou um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga. Depois, o amarantino que em tenra idade foi viver para o Porto com os pais, Rosa e Rodrigo, investiu na carreira profissional, tendo sido o primeiro técnico português de andebol a fazê-lo, trabalhando, de forma geral com êxito, em Espanha, Angola, Tunísia, Roménia e, agora, Eslovénia.
Mestre em Alto Rendimento Desportivo pela Faculdade de Desporto do Porto, Paulo Jorge Pereira assinou contrato com a Federação de Andebol de Portugal em 2016. Falhou o apuramento para o Euro’2018 e para o Mundial’2019, mas, nesse mesmo ano, a 13 de junho, na Roménia, assegurou, com uma vitória por 19-24, a presença de Portugal numa fase final de uma grande competição ao fim de 14 anos - o Campeonato da Europa de 2020, onde alcançou a melhor classificação de sempre (sexto lugar), depois do sétimo posto de 2000 -, tendo também colocado a equipa no Mundial’21, igualmente com a melhor classificação de sempre (décimo), após o 11.º lugar do Portugal’03 e continuou: Jogos Olímpicos’20, Europeu’22, Mundial’23, Europeu’24 e Mundial’25. Na corrida à fase final do Europeu’26, a jogar entre 15 de janeiro e 1 de fevereiro, com três sedes, Dinamarca, Noruega e Suécia, os Heróis do Mar são a única equipa com dois triunfos nas duas primeiras jornadas, pelo que têm a oitava qualificação muito bem encaminhada. Paulo Jorge, 59 anos, tem dois filhos, ambos ligados à modalidade - um, Rodrigo, de 26 anos e já treinador, outro, André, de 21 e jogador -, adora cozinhar e receber amigos. É casado com Montse Alvarez, com quem vive em Vigo.