"Portugal está numa posição líder em obesidade infantil. Parece que ninguém faz nada..."

Tamila Holub, nadadora portuguesa
Site da Federação Portuguesa de Natação
Tamila Holub é uma das candidatas ao programa de Jovens Líderes do Comité Olímpico Internacional e prossegue uma missão dupla no desporto, entre o alto rendimento e o trabalho em prol da sociedade.
A nadadora olímpica Tamila Holub procura integrar o programa de Jovens Líderes do Comité Olímpico Internacional, para implementar um projeto a quatro anos que quer usar o desporto para "tornar o mundo um bocadinho melhor".
Lançado em 2016, o programa do Comité Olímpico Internacional (COI) originou já mais de 100 iniciativas, que alcançaram mais de 30 mil pessoas, assumindo a pretensão de "empoderar talentos que possam alavancar o poder do desporto em prol de uma mudança positiva nas suas comunidades".
O programa, assente nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, surge numa parceria do COI com uma marca de tecnologia, para "proporcionar a atletas e profissionais do desporto a possibilidade de realizar projetos" que contribuam para aquelas 17 marcas que se querem alcançadas até 2030.
"No fundo, ajudar a tornar o mundo um bocadinho melhor, utilizar o desporto como ferramenta para ajudar os outros", explica Tamila Holub, em entrevista à Lusa.
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Durante quatro semanas, cerca de 200 pessoas candidatam-se às 25 vagas finais, assistindo a palestras de alguns dos antigos Jovens Líderes, que são já cerca de 90, e preparando "uma ideia, um conceito", que permita alocar fundo a um projeto consistente.
Tamila Holub é uma das candidatas e prossegue uma missão dupla no desporto, entre o alto rendimento, já com duas participações em Jogos Olímpicos e de olho em mais uma em Paris'2024, e o trabalho em prol da sociedade.
"Portugal está numa posição líder quanto à obesidade infantil. Parece que ninguém faz nada e isso não me cabe. Estou a tentar contribuir um pouco por aí, a tentar interessar os miúdos no desporto e nos Jogos Olímpicos", conta.
Sem querer avançar muito da ideia que candidata ao programa, certo é que estará inserida na forma como vê o desporto, para a nadadora nascida na Ucrânia "uma maneira de tornar o mundo melhor".
"Se não fosse através do desporto, tentava de outra maneira. A minha mãe diz-me que eu tenho um defeito, que é tentar ajudar demasiado os outros. Se calhar, ela tem razão, de alguma maneira. Nos dias atuais, se calhar é mais defeito do que algo bom. [Mas] está errado, acho. Se sou atleta, tenho de tentar usar as ferramentas e influência que tenho para ajudar", afirma.
Uma das figuras de proa do desporto de elite português, aos 23 anos, recorda como a própria carreira começou "de forma muito complicada, sem financiamento fácil", a título pessoal e para a família, e como atravessou "muita coisa" para chegar onde está.
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"Se eu puder ajudar atletas mais jovens que estão entre continuar ou desistir, e se o problema limita a terem fundos necessários, ou algo assim, porque não ajudá-los? Podemos estar a perder grandes atletas para Portugal por coisas tão simples, entre aspas", questiona.
Em março de 2023, começa o ciclo olímpico de apuramento na natação, no qual procura os terceiros Jogos consecutivos, e com apenas 23 anos acumula ainda a carreira de alto rendimento com a universidade, e a licenciatura em Criminologia e Justiça Criminal, na Universidade do Minho, que acabará, "tudo correndo bem", no verão de 2024.
"Vai ser tudo ao mesmo tempo... Paris'2024, a faculdade, tudo junto. Por isso, também penso na gestão de tempo" no que toca ao projeto que pretende implementar, acrescenta.
