Buscas relacionadas com o período em que Jorge Fernandes esteve à frente do organismo, refere a Federação Portuguesa de Judo
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A Federação Portuguesa de Judo (FPJ) informou, através de um comunicado divulgado nas redes sociais, que esta quinta-feira decorreram buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ) na sede daquela instituição, em Odivelas.
A FPJ refere que o objeto das buscas está relacionado com a gestão do anterior presidente, Jorge Fernandes, que veio a ser sucedido por Sérgio Pina.
"A Federação Portuguesa de Judo e os seus atuais órgãos sociais estão a colaborar ativamente com as entidades competentes com o intuito de ver esclarecidas todas as questão suscitadas e, consequentemente, ser apurada a verdade", acrescenta a FPJ.
Em causa, segundo o mandato emitido pelo DIAP de Loures a que a agência Lusa teve acesso, estarão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente.
Sérgio Pina, que foi vice-presidente da anterior direção, órgão que não completou o seu mandato, devido a processo disciplinar do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e subsequente destituição em Assembleia Geral, em dezembro de 2022, disse ainda à Lusa que da sede da FPJ, em Odivelas, foi levada pela PJ “documentação de contabilidade entre 2017 e 2023”.
Segundo o despacho do Ministério Público, o mandado de busca e apreensão de tudo o que seja relacionado com os factos da investigação foi emitido para a sede da FPJ, mas também para mais três outros locais.
Presidente a partir de 2017, Jorge Fernandes esteve à frente de um dos períodos de maior sucesso do judo português, nomeadamente com os dois títulos mundiais e um bronze olímpico de Jorge Fonseca, bem como o vice-título mundial de Bárbara Timo.
O dirigente conimbricense não resistiu, porém, a um litígio com vários judocas de topo, entre os quais Telma Monteiro, e acabou alvo de um processo disciplinar do IPDJ, por alegado favorecimento do filho, à época integrado como funcionário da federação.
Nas conclusões do inquérito, o IPDJ determinou a perda de mandato de Jorge Fernandes, por entender que a direção da FPJ infringiu o artigo 51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que configura a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato no qual tenham interesse.
Após a queda de Jorge Fernandes, Sérgio Pina foi eleito em abril de 2023 para o remanescente do mandato, até ao final do ciclo olímpico Paris'2024, e, em outubro de 2024 foi reeleito, num sufrágio em que Jorge Fernandes se candidatou, sem sucesso.