Pogacar: "Não me importo de ter a amarela, mas objetivo é gastar o menos possível"
Pogacar quis "livrar-se" da amarela e Healy aproveitou
Corpo do artigo
Tadej Pogacar quis "livrar-se" da camisola amarela e "devolveu-a" a Mathieu van der Poel, um dos integrantes da fuga da sexta etapa da qual saiu vitorioso Ben Healy, sétimo ciclista irlandês a vencer no Tour.
O corredor da EF Education-Easy Post atacou os seus sete companheiros de jornada a uns 40 quilómetros do final e não mais parou até à meta, instalada em Vire Normandie, cumprindo os 201,5 quilómetros desde Bayeux em 04:24.10 horas.
“Cresci a ver o Tour e a desejar um dia estar aqui. Por isso, poder estar cá já é um feito e ganhar uma etapa é simplesmente fantástico”, disse o sempre combativo Healy, que se tornou o sétimo irlandês a festejar uma vitória em etapas na "Grande Boucle".
Aos 24 anos, o homem da EF Education-Easy Post juntou o triunfo na Volta a França ao alcançado no Giro'2023, superando o campeão norte-americano Quinn Simmons (Lidl-Trek), segundo, a 02.44 minutos, e o australiano Michael Storer (Tudor), terceiro, a 02.51.
Mas Healy só pôde festejar porque Pogacar assim o quis: a superioridade do líder da UAE Emirates neste Tour é tanta que o esloveno decidiu hoje abdicar da amarela, assim como de todas as camisolas na sua posse, ao "autorizar" que a fuga, também integrada por Van der Poel, conquistasse uma vantagem superior a sete minutos.
A jogada quase falhou, mas o neerlandês da Alpecin-Deceuninck, que fraquejou na parte final e foi apenas oitavo, a 03.58 do vencedor, recuperou mesmo, por apenas um segundo, a camisola que tinha envergado até à véspera, relegando "Pogi" para a segunda posição.
“Não me importo de ter a camisola amarela, mas, como já disse, o objetivo é gastar o menos possível”, admitiu o campeão mundial de fundo, que foi o primeiro do grupo de favoritos a cortar a meta, sendo seguido de perto pelo dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) e pelo belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), terceiro da geral a 43 segundos.
Na pronunciada chegada à Vire Normandie, João Almeida perdeu cinco segundos para os três primeiros classificados da passada edição, mas manteve-se na sétima posição da geral, a 01.59 minutos de Van der Poel.
A acidentada sexta etapa, que incluía cinco contagens de montanha de terceira categoria e uma de quarta já perto da meta, convidavam a uma fuga, mas ela tardou em formar-se porque as equipas dos sprinters queriam levar os seus homens a pontuar no sprint intermédio, onde Jonathan Milan (Lidl-Trek) foi o melhor.
Os pretendentes a integrar a escapada eram tantos que foi preciso esperar mais de 50 quilómetros para que "MVDP", Healy, Simmons, Harold Tejada (XDS Astana) e Will Barta (Movistar) conseguissem finalmente uma margem "aceitável".
Os sucessivos esticões no pelotão chegaram a deixar Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) atrasado, mas também permitiram ao campeão do Giro'2025 Simon Yates (Visma-Lease a Bike), Eddie Dunbar (Jayco AlUla) e Storer alcançar a fuga.
A vantagem conquistada pelos fugitivos pareceu interessar à UAE Emirates, que simplesmente entregou todas as camisolas que estavam na posse de Pogacar – a amarela regressou ao corpo de Van der Poel, Milan ficou com a verde e o campeão belga Tim Wellens, companheiro do esloveno, recuperou a da montanha.
Com uma primeira fase do Tour sem montanhas – chegam apenas à 12.ª etapa -, "Pogi" mostrou hoje querer poupar-se ao desgaste das obrigações protocolares e da defesa da liderança da geral, com a sua equipa deliberadamente a deixar os fugitivos ganharam cada vez mais minutos à medida que se aproximavam da meta.
A pouco mais de 40 quilómetros do final, Healy atacou os seus companheiros de jornada e rapidamente se distanciou, ganhando mais de 50 segundos ao grupo, de onde saíram, depois, Simmons e Storer.
O duo não só não conseguiu anular a diferença para o irlandês, que no ano passado, na estreia no Tour, tinha andado cinco vezes em fuga, como ainda perdeu mais tempo.
O campeão norte-americano de fundo acabou por levar a melhor na luta pelo segundo lugar, com uma aceleração nos derradeiros metros que lhe permitiu deixar para trás o australiano da Tudor.
Numa jornada em que Nelson Oliveira (Movistar) foi 68.º - é 54.º da geral -, Pogacar também sprintou na rampa final, talvez ensaiando a estratégia para a sétima etapa, que chega na sexta-feira ao Muro de Bretanha, onde a meta coincide com uma contagem de montanha de terceira categoria, escalada duas vezes, após 197 quilómetros desde Saint-Malo.