Nasra Abukar Ali, que se tornou viral ao demorar 21,81 segundos nos 100 metros das Universíadas, seria familiar da presidente da federação e nunca foi atleta.
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A jovem de 20 anos que precisou de 21,81 segundos para fazer os 100 metros dos Jogos Mundiais Universitários, em Chengdu, na China, tornando virais as imagens daquela que já é considerada uma das piores corridas da história do atletismo, gerou um escândalo que levou a investigações e pelo menos uma demissão no seu país, a Somália.
A indicação de Nasra Abukar Ali para as Universíadas, que possuem um patamar competitivo elevado e atletas de nível internacional da maioria dos países, foi feita pela Federação de Atletismo da Somália, tendo a associação universitária informado que não mandou qualquer atleta a Chengdu.
Como o ministro do Desporto, Mohamed Barre Mohamud, considerou o caso um embaraço para o país, dizendo que "o que aconteceu não nos representa e pedimos desculpa ao povo somali", pois a suposta sprinter "não era atleta, nem sequer corredora", a investigação encontrou depressa uma culpada.
Khadijo Aden Dahir, presidente da federação de atletismo, e supostamente familiar da "sprinter", foi demitida, com as acusações de "abuso de poder, nepotismo e difamação do nome da nação". A jovem Ali, que demorou quase o dobro do tempo da vencedora da eliminatória - a brasileira Gabriela Mourão, que fez 11,58 segundos -, não era conhecida do comité olímpico do país, "de nenhum desporto".
Este não foi o primeiro registo anormal da Somália em grandes competições. Em 2016, Maryan Nuh Muse fez 1m10,14s nos 400 metros dos Jogos do Rio, quando a média para a distância é de 50 segundos ou pouco mais, e em Londres'2012 fora Zamzam Mohamed Farah a precisar de 1m20,48s, a mais de 30 segundos da vencedora. Mas esta correra apesar de ter sido ameaçada de morte num país que não queria mulheres no desporto, enquanto Muse acabou aplaudida.
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