Críticas dos pilotos no Rali de Portugal vão levar o Promotor do WRC a criar limites. Duração dos ralis vai ter novas “orientações” a partir da próxima época, abandonando-se a ideia de os tornar mais longos e épicos. As 15 horas da etapa de sexta-feira foram a gota de água para os pilotos.
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“Tratados como animais” foi a afirmação de Ott Tanak que fez eco em todo o mundo e lançou uma sombra sobre o Rali de Portugal, que teve um êxito em toda a linha na 58.ª edição, mas foi criticado pelos principais pilotos devido à extensão das etapas de sexta-feira e sábado, que os colocaram um total de 29 horas em ação. O WRC Promotor, empresa com sede em Munique (Alemanha) que gere o Mundial de Ralis, apoiou a ideia de aumentar a dificuldade da prova, aproximando-a das edições épicas das décadas de 1980 e 1990, mas ontem já admitiu um retrocesso.
“O itinerário foi concebido para criar um desafio único dentro da temporada; e isso certamente foi conseguido”, escreveram os organizadores do WRC, acrescentando que se “atingiram alguns limites quanto à duração em dias consecutivos”. Em causa estiveram as etapas de sexta-feira, com 683 km (146,5 deles cronometrados), partida da Figueira da Foz às 6h00 e chegada a Matosinhos às 21h05, e de sábado, com 640 km (123 em classificativas), entre a 6h00 e as 20h15, e base sempre na Exponor. “A FIA e o WRC Promotor elaboraram algumas orientações com limites de horas de trabalho para quem trabalha nas equipas e na organização”, lê-se ainda em comunicado.
A duração das etapas já havia sido discutida antes do Rali de Portugal, sem efeitos práticos, sendo certo que as novas regras, para uma “melhoria das práticas na criação de itinerários e horários”, serão para aplicar no próximo ano, o que não tranquiliza os pilotos.
“Isto foi debatido em tantas reuniões ao longo dos anos e nunca se fez nada. Foi preciso chegar a um ponto extremo para se perceber que há um problema. E não só para os pilotos, é para todos: mecânicos, equipas de TV, ‘marshalls’… Os mecânicos estão no parque de serviço às 4h00 e depois têm trabalho até à meia-noite, é demasiado”, protestou Elfyn Evans, líder do Mundial, citado pelo “Autosport”.