Órfão dos seus antigos ídolos, o ciclismo nacional procura, a partir de domingo, novas referências para juntar ao uruguaio de 27 anos, o campeão em título da Volta a Portugal, mas, sobretudo, a Frederico Figueiredo, o mais consistente (em resultados e prestações)
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O desmantelamento da W52-FC Porto e o "adeus" de Amaro Antunes e Alejandro Marque deixaram o pelotão nacional com Maurício Moreira como único vencedor da Volta no ativo, numa temporada que será decisiva para a credibilização do ciclismo.
Órfão dos seus antigos ídolos, o ciclismo nacional procura, a partir de domingo, novas referências para juntar ao uruguaio de 27 anos, o campeão em título da Volta a Portugal, mas, sobretudo, a Frederico Figueiredo, o mais consistente (em resultados e prestações) dos corredores a pedalar em solo português.
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Que a Glassdrive-Q8-Anicolor é a equipa a "abater", depois de receber o testemunho da "caída em desgraça" W52-FC Porto e ocupar os três primeiros lugares do pódio da última Volta a Portugal, ninguém duvida, mas a equipa comandada por Rúben Pereira parece mais débil com as saídas de António Carvalho, Afonso Eulálio e espanhóis Javier Moreno e Héctor Sáez.
Ainda assim, é difícil acreditar que alguém possa "destronar" a formação de Águeda, cujo principal reforço é Artem Nych, campeão de fundo russo em 2021, e que tem na fiabilidade de "Fred" o seu maior trunfo.
O trepador de São João de Ver, de 31 anos, foi um injusto segundo classificado na última Volta - foi o ciclista mais forte - e esta época deve reclamar para si o estatuto de líder na prova "rainha" do calendário nacional, depois de um 2022 em que venceu também o Troféu Joaquim Agostinho pela terceira vez consecutiva e a Volta a Albergaria e a Clássica Aldeias do Xisto.
Num pelotão sem muitas movimentações de peso foi a ABTF-Feirense aquela que melhor se procurou reforçar, mas o abrupto final da carreira de Amaro Antunes, o ciclista que seria a sua figura, diminui as expectativas de uma equipa que terá de confiar no experiente António Carvalho, o terceiro da última Volta, para lutar pela glória.
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Também a Efapel, que perdeu João Benta - anunciou uma pausa na carreira -, "roubou" o promissor Emanuel Duarte e Aleksandr Grigorev à AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, mas os dois reforços parecem insuficientes para contrariar a supremacia da Glassdrive-Q8-Anicolor durante a temporada.
Privada de Duarte e de Grigorev, mas também do "reformado" Alejandro Marque, o campeão da Volta'2013 que foi o seu líder durante seis temporadas, a formação de Tavira aspira a menos este ano, embora tenha dado a oportunidade a Diogo Barbosa (ex-Hagens Berman Axeon), de 22 anos, de estrear-se no pelotão nacional.
Outra jovem promessa lusa que estará no pelotão, que no domingo inicia a época na Prova de Abertura, é Daniel Viegas, que deixou a EOLO-Kometa depois de quatro épocas, e vai representar a Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, novamente liderada pelo espanhol Vicente García de Mateos e com Américo Silva como novo diretor desportivo.
Às restantes equipas nacionais, reformuladas com vários rostos novos, mas estáveis nas suas lideranças, caberá o estatuto de animadoras de uma temporada em que a modalidade procura recuperar a credibilidade perdida após a operação "Prova Limpa", que expôs a dopagem generalizada na W52-FC Porto e lançou o ciclismo nacional no "abismo".
Profundamente abalada pelos escândalos de dopagem, a modalidade precisa urgentemente de deixar para trás o passado e reinventar-se, encontrando nesse processo novas figuras, que substituam Antunes, João Rodrigues, José Neves ou Joni Brandão, os campeões que "caíram" com a W52-FC Porto.