Pelotão curto no GP O JOGO/Leilosoc é alerta: "Há decisões que não resolvem"
Corrida está reduzida a 77 ciclistas devido a uma regra internacional, mas há outro sinal de preocupação
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Com as equipas do país vizinho ausentes, por terem a Taça de Espanha este fim de semana, o Grande Prémio O JOGO/Leilosoc ficou apenas com 13 formações nacionais e um pelotão de 90 corredores, ontem reduzido a 77. Fica a imagem de um ciclismo português de pequena dimensão, o que não corresponde à realidade, embora a falta de corredores esteja a preocupar os diretores desportivos.
“Temos de cumprir o regulamento da União Ciclista Internacional, que apenas autoriza sete corredores por equipa em competição”, explica Nuno Lopes, diretor de corrida, sabendo que a regra, já antiga, não agrada a todos. “Talvez pudesse mudar. A regra não foi pensada para provas nacionais, nem internacionais 2.1 ou 2.2. Foi criada para as corridas do World Tour, onde correm entre 22 e 25 equipas, e surgiu com o argumento da segurança, porque o pelotão era muito grande e havia quedas. Elas continuam a acontecer e esse conceito perdeu-se, porque este ano haverá mais uma equipa nas Grandes Voltas. Há decisões tomadas com a melhor das intenções e depois percebe-se que não resolvem”, explica José Azevedo, diretor desportivo da Efapel, achando que “no nosso caso, alargar a oito ciclistas por equipa permitiria um melhor pelotão”.“Em corridas nacionais deviam permitir alinhar com oito corredores. Era mais um que competia e eu daria mais uma oportunidade a um sub-23. Até estive a conversar sobre isso com os corredores. A UCI tem coisas boas, mas outras muitas más”, critica Manuel Correia, que dirige a Gi Group-Simoldes-UDO.
Se o regulamento esconde a verdadeira dimensão do pelotão nacional, que tem 101 ciclistas nas nove equipas profissionais, 64 portugueses, sendo estes mais 45 nas cinco formações de sub-23, os números preocupam os técnicos. “É preciso ensinar crianças a andar de bicicleta, sobretudo no ensino básico. Há muitos miúdos com dez anos que não sabem e isso na minha geração era impensável. Se tivermos dois ou três por cento dos que são ensinados nas escolas a experimentar o ciclismo, seria um volume enorme”, diz Correia, que recorreu a estrangeiros para “fazer um plantel com alguma qualidade”. “Há poucos cadetes e juniores e os melhores vão logo para equipas estrangeiras”, completa.José Azevedo concorda e apresenta factos: “Neste momento haverá entre 90 a 100 ciclistas nos cadetes e o mesmo nos juniores. Quando fui ciclista as provas tinham de ser repartidas em duas zonas, porque existia o dobro. Há uma diminuição no número dos que praticam ciclismo de estrada e isso é que nos deve preocupar. A categoria profissional, sendo o topo da pirâmide, é um mero reflexo do que se passa nas camadas jovens”.