Pedro Gil e o título europeu do Sporting: "A medalha? Deve estar numa gaveta"
ENTREVISTA >> Pedro Gil recorda O JOGO o título europeu pelo Sporting conquistado a 12 de maio de 2019 e a festa que selou um jejum de 42 anos
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Há dois meses que Pedro Gil está em Noia (Espanha), onde cumpre isolamento social. Em casa tem-se dedicado a arrumações, treina o mais que pode, festejou o seu 40.º aniversário e hoje recorda outra data especial: a do primeiro aniversário do título europeu do Sporting. Se pela seleção espanhola já tinha conquistado sete Europeus (e mais seis Mundiais), o título europeu de clubes só no Reus tinha conseguido. A festa do dia 12 de maio de 2019 foi, por isso, única, mas também porque há 42 anos que os leões não eram campeões europeus.
Um ano depois do título europeu, quais são as principais recordações?
O fim de semana completo. Foi uma final-four saída de um sonho. Correu tudo de forma perfeita. Foi tudo perfeito: jogámos em casa, com o pavilhão João Rocha cheio, contra os dois grandes rivais do Sporting e fizemos duas grandes exibições. Ganhámos sem espinhas.
Como viveu esse dia?
Estava muito tranquilo. Sentia uma enorme confiança na equipa e esta estava também muito confiante, quer na meia-final quer na final. Eram sensações muito positivas, que depois se traduziram numa grande conquista.
O dia 12 de maio de 2019 vai ficar como uma data inesquecível para os adeptos leoninos e para o avançado espanhol, que tal como o clube conquistou nessa data o título europeu de clubes pela segunda vez
Teve noção de que estava a fazer parte de um momento histórico, já que o Sporting só tinha vencido em 1976/77?
É evidente que tinha noção. Sabia que há muitos anos o Sporting não era campeão europeu. Já me tinha acontecido o mesmo no Reus. Isso podia significar um fator extra de pressão, mas era de certeza um fator de maior motivação. É um enorme orgulho ficar na história de um clube com a grandeza do Sporting.
Foi difícil lidar com o facto de do outro lado o adversário ser o FC Porto, onde jogou oito anos e nunca conseguiu o título europeu?
Não. É verdade que o FC Porto é um clube pelo qual tenho um carinho enorme, mas naquele momento sabia que ou ganhávamos nós ou eles. E eu só pensava em ganhar. E também já joguei muitas vezes contra o FC Porto, deixou de ser difícil.
"Ganhámos sem espinhas. Foi um fim de semana perfeito: pavilhão cheio e dois grandes rivais"
A caminhada até ao título foi quase perfeita: cinco vitórias e um empate na fase de grupos, e depois eliminação de Lodi, Benfica e FC Porto. Qual foi a receita?
A receita foi termos uma equipa muito sólida defensivamente, muito pragmática a ler o jogo e a perceber cada momento dos jogos. Acho que esse foi o nosso grande ponto forte. Fomos uma equipa muito coesa e soubemos estar ao nível de cada exigência.
Na final, o Sporting esteve sempre na frente. Esperava um jogo assim?
Sabíamos da importância de estar à frente do marcador. Sabíamos que o FC Porto, quando se coloca em vantagem, consegue controlar bem o jogo, mas nós também somos assim. Somos muito pragmáticos e sabíamos que quem se colocasse em vantagem teria mais hipóteses, como aliás acontecera no ano anterior, diante do FC Porto, na meia-final. Eles ficaram em vantagem muito cedo no jogo e isso penalizou-nos.
Onde guarda a medalha de campeão europeu?
-Não sei da medalha. Deve estar numa gaveta ou num armário. Tenho tudo espalhado. Como mudo várias vezes de casa é difícil ter tudo organizado. Muitas das medalhas estão já em Espanha. Mas mais tarde sei que a encontro. É engraçado, porque às vezes vou encontrando medalhas de antigas conquistas e é sempre uma boa forma de recordar os momentos.
Foi campeão europeu pelo Reus e pelo Sporting. Qual o marcou mais?
Marcou-me muito mais a conquista pelo Sporting. Foi um dos momentos mais bonitos da minha carreira. Como jogador de um clube grande, posso dizer que foi o cenário perfeito. Estava um ambiente espectacular e o facto de termos defrontado os dois grandes rivais ajudou a criar esse ambiente.