Pedro Casinha e Gustavo Gonçalves, campeões que garantem o futuro da canoagem
Foi em junho, em Racice, Chéquia, que Casinha e Gustavo se juntaram aos olímpicos João Ribeiro e Messias Baptista para surpreender a Europa com o triunfo em K4 500 metros
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Os canoístas Pedro Casinha e Gustavo Gonçalves há muito que brilham nas seleções jovens de Portugal, porém só com o recente título Europeu absoluto em K4 500 metros vão começar a ser recompensados pelo seu investimento de anos.
“Foi árduo, acima de tudo árduo, porque vivemos muito à base do reconhecimento… e a sair do nosso bolso para vir a estágios, para ir às provas, mesmo trabalhar com o grupo. Sempre a sair do nosso bolso é difícil e acho que a palavra que descreve melhor o que nós passámos até agora é árduo”, desabafou Pedro Casinha, em declarações à Lusa.
Foi em junho, em Racice, Chéquia, que Casinha e Gustavo se juntaram aos olímpicos João Ribeiro e Messias Baptista para surpreender a Europa com o triunfo nesta distância olímpica.
O atleta do Benfica reconheceu que, agora que conseguiram integrar o Projeto Olímpico do COP, já não estão “só a competir por amor à camisola, algo que foi feito ao longo destes anos”.
“Vivíamos um bocado à base dos apoios e de pequenas bolsas, que pouco ou nada dão, que quase nem para as nossas despesas do alto rendimento dão. Agora (este êxito) permite-nos respirar um bocadinho de alívio. Mas só de alívio financeiramente, porque do resto é sempre a fundo”, ajuntou Gustavo, do CN Marecos, de Gondomar.
Casinha, 22 anos, estudante de Engenharia Biomédica na Universidade Nova de Lisboa, e Gustavo, 21 anos, a concluir a licenciatura em Desporto, competem juntos desde os 18 e é unidos que nos Mundiais sub-23 e júnior, que decorrem até domingo em Montemor-o-Velho, desejam subir ao pódio em K2 500 metros, depois do bronze que alcançaram em 2022.
De igual modo, a dupla vê cada vez mais próximo o sonho olímpico, para Los Angeles'2028, uma vez que o título europeu sénior os coloca num outro patamar a nível internacional.
“Acima de tudo, aumentou a responsabilidade. Mantivemos o trabalho, como sempre, o foco é igual, mas a única coisa que mudou é a responsabilidade, porque agora quando olham para nós já não olham como os miúdos que estão com as lendas, mas sim como um barco que foi campeão europeu”, reforça Casinha.
Para singrarem numa modalidade “extremamente competitiva”, Gustavo realça a “mesma ambição” dos amigos “dentro e fora de água”: “Trabalhamos para o mesmo e muitas vezes isso é essencial”.
Rui Fernandes é o treinador que, entre outros atletas, trabalha diariamente com Casinha e Gustavo, “miúdos fantásticos, disciplinados e, obviamente, grandes promessas para esse ciclo olímpico e para os próximos”.
“A resposta do seu valor foi dada nos Europeus, quando entraram no K4. Um é mais explosivo (Casinha), o outro é mais resistente (Gustavo) e entre estas duas características fazem uma boa embarcação, com sincronia. Uma dupla que em K4 também é muito eficaz, muito dinâmica”, complementou, elogiando a “frieza e disciplina” de ambos em competição.
Nos presentes Mundiais de Montemor-o-Velho, Pedro Casinha disputa hoje a final de K1 200 metros, distancia em que foi campeão da Europa em júnior, com os companheiros de barco a competirem juntos sábado na final de K2 500.