Paulo Pereira e o Mundial: "A partir do nono lugar já cumprimos o nosso objetivo"
Selecionador português de andebol considera Islândia "osso duro de roer".
Corpo do artigo
O selecionador nacional de andebol, Paulo Pereira, considera a Islândia, adversária de Portugal na ronda inaugural do Mundial, um "osso duro de roer", dado ser "teoricamente uma das melhores seleções do mundo ao nível do ataque".
"Em termos ofensivos são muito fortes. Têm dois jogadores do Magdeburgo, o central Gisli Kristiánsson e o lateral direito Ómar Ingi, o Aron Pálmarsson, que jogou no Barcelona, e um projeto muito ambicioso", disse à agência Lusa Paulo Pereira.
O selecionador refere que, por isso mesmo, a seleção se está a "preparar bem para entrar bem nesse primeiro jogo", a decorrer na quinta-feira, em Kistianstad, na Suécia, que é importante, mas "não irá decidir o que vai acontecer no final".
"Se perdemos com a Islândia teremos mais duas opções para lutar pela qualificação para a fase seguinte e continuar em prova", considerou Paulo Pereira, referindo-se aos restantes jogos do Grupo D, com a Coreia do Sul (sábado) e Hungria (16 de janeiro).
Paulo Pereira realçou ainda que a Islândia "possui jogadores a competir nos principais campeonatos do mundo" e destacou o equilíbrio existente ao nível de resultados recentes entre ambas as seleções, bem como o conhecimento mútuo.
"Eles conhecem-nos bem, porque temos jogado muitas vezes com eles, mas nós também os conhecemos. Nos últimos anos tem havido equilíbrio. Eles ganharam três vezes e nós duas", adiantou Paulo Pereira, no comando da seleção desde 2019.
Portugal e Islândia repetem o jogo da primeira jornada do Mundial de 2021, que a seleção lusa venceu por 25-23, na caminhada para o histórico 10.º lugar, e o selecionador nacional prevê "um jogo também equilibrado" e a "decidir nos detalhes".
A Coreia do Sul, 31.ª classificada na edição de 2021, é o segundo adversário de Portugal no Grupo D, em jogo a decorrer no sábado, mas o selecionador alerta para os perigos que podem constituir as seleções "teoricamente mais acessíveis".
"Temos que ter sempre muito cuidado com todas as seleções. A Coreia do Sul está a recuperar de uma fase menos boa e temos de ter muita atenção", afirmou Paulo Pereira, recordando a medalha de prata dos asiáticos nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.
Paulo Pereira sustenta a sua opinião com o facto de a Coreia do Sul ter "um jogo muito baseado nos duelos, no um contra um", e possuir jogadores baixos, "que, por vezes provocam exclusões e levantam problemas às equipas que ficam durante muito tempo em inferioridade numérica".
O selecionador abordou ainda os diferentes modelos de jogo dos principais adversários de Portugal no Grupo D, com "a Islândia a finalizar mais próximo da linha dos seis metros" e "a Hungria mais da primeira linha, da zona dos nove metros".
"A Hungria tem coisas muito próximas daquilo que nós fazemos, tal como a Islândia, que tem aspetos de jogo muito similares a nós, mas são equipas, todas elas, completamente diferentes", adiantou o selecionador.
Paulo Pereira traça, à partida para o Mundial, como objetivo de participação de Portugal melhorar o 10.º lugar alcançado em 2021, que é a melhor classificação em quatro edições (1997, 2001, 2003 e 2021).
"A partir do nono lugar já cumprimos o nosso objetivo. Mas, se cumprimos este objetivo, imediatamente vamos estabelecer outro, que passa pelo apuramento para o torneio pré-olímpico [para os Jogos Olímpicos de Paris]", disse o selecionador.
Paulo Pereira destaca a evolução registada no andebol nacional, com a consecutiva presença nas fases finais dos principais eventos (Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos), e a fina linha que separa o sucesso do insucesso, muitas vezes por um golo.
"Portugal está permanentemente nas grandes competições e depois nós sabemos que, nas grandes competições, por um golo podemos falhar a fase seguinte ou por um golo podemos apurarmo-nos no pré-olímpico [como aconteceu para Tóquio'2020]", aponta.
Paulo Pereira recorda que, "a competir com as melhores seleções do mundo", Portugal não se apurou para a fase principal do Euro'2022 "por um golo" e para a segunda dos Jogos Olímpicos de Pequim "por 0,33 golos".
"Conseguimos estar nas fases finais pela sexta vez consecutiva. Há quem diga cinco, mas eu digo seis, porque o torneio pré-olímpico para mim também foi uma grande competição. Jogámos com a Tunísia, Croácia e a França, que são equipas do topo mundial", justifica.
O selecionador alarga a "praticamente sete" esta presença consecutiva em fases finais, iniciada após um jejum de 16 anos, uma vez que Portugal lidera invicto o Grupo 1 de qualificação para o Euro'2024 e "está praticamente apurado".
Paulo Pereira destaca o facto de a média de idades da renovada seleção ter descido (26,6), "com as vantagens e desvantagens que isso tem", uma vez que "apresenta alguns pontos mais fortes e outros mais débeis em relação a anteriores".
15624115