Selecionador de andebol conversou com O JOGO desde o comboio, quando estava a chegar a Campanhã, e antes de seguir para Vigo
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Notava-se-lhe a voz cansada. Foram 17 dias de competição bastante intensa, uma chegada muito tardia a Lisboa e, ontem, muitas entrevistas. Uma foi a O JOGO, estava Paulo Jorge Pereira no comboio, a chegar a Campanhã, no Porto, onde tinha a mulher, Montse Alvarez, à espera para seguir para Vigo, onde a família reside. “Depois de chegarmos aos quartos de final tudo é possível. Quando jogamos contra a Alemanha sabíamos que podíamos chegar à meia-final e lutámos por isso; conseguimo-lo sobretudo porque acreditámos e o percurso que fizemos antes, perante seleções fortíssimas, ajudou-nos a acreditar mais ainda”, explicou o técnico nacional.
Tendo colocado os quartos de final como meta à partida para o Campeonato do Mundo, no que resultaria desde logo na melhor classificação de sempre, Paulo Jorge teve três contrariedades, com as ausências, por diferentes motivos, de atletas previamente convocados - Alexis Borges, Alexandre Cavalcanti e Miguel Martins -, mas nem isso lhe fez tolher a ambição. “Não alterámos rigorosamente nada, tivemos a coragem de manter os objetivos, mas fomos obrigados a sobrecarregar alguns atletas. O Victor Iturriza e o Salvador Salvador estiveram os nove jogos a defender ao meio contra seleções do melhor do mundo; foi épico”, enalteceu.
“Em situações ofensivas não se notou tanto, o Rui Silva acabou por jogar mais tempo, mas já sabemos quem é o Rui Silva, o João Gomes também ajudou um pouco na primeira linha e o próprio Kiko chegou a jogar pontualmente a central. Se o Cavalcanti estivesse presente ainda estaríamos melhor, podendo dar um pouco mais de descanso ao Iturriza e ao Salvador na defesa”, comentou o técnico nacional, para quem esta “foi mais uma viagem para não esquecer” com os Heróis do Mar. “Há coisas que vivemos juntos que jamais esqueceremos, faz parte das nossas vidas, temos sido muito felizes”, referiu o técnico natural de Amarante.
“Avançamos logo mais uma posição”
Por que razão Paulo Jorge Pereira avançou de imediato para um objetivo ambicioso? “Porque implicava o nosso melhor resultado e não perdermos muito tempo a dizer que, no mínimo, era o nono lugar. Avançamos logo mais uma posição, sabendo que isso ia dar para qualquer coisa; um bom jogo mete-nos dentro, um mau fora”, respondeu. “Esta chegada à meia-final foi um acreditar gradual com o que fomos fazendo”.