Heróis do Mar vão jogar a qualificação olímpica, em março, mercê da vitória da Islândia sobre a Áustria. Será a segunda vez seguida e na primeira apuraram-se. “Estou radiante”, disse o técnico nacional
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A Seleção Nacional de andebol está apurada para o pré-olímpico. Em virtude da vitória da Islândia sobre a Áustria, por 26-24, na quinta jornada do Grupo I do Main Round do Campeonato da Europa. Desta forma, o conjunto de Paulo Jorge Pereira atingiu o objetivo a que se propôs, indo disputar a vaga em Paris’24 num dos três torneios de qualificação, a jogar entre os dias 15 e 18 de março, procurando aí a segunda presença seguida, depois de terem ido a Tóquio, em 2021 - altura em que o andebol se tornou na única modalidade coletiva de pavilhão a chegar ao cume do desporto.
Quando parte da comitiva chegou ao Porto - Salvador, Gilberto, Capdeville, Portela e Cavalcanti ficaram em Lisboa, e Nazaré seguiu para a Dinamarca -, ainda não tinha sequer começado o encontro que poderia transformar os rostos cansados em enérgicos e felizes. “Estou radiante. Esta parte final do Campeonato da Europa foi uma pequena montanha de emoções. Mas não nos podemos desfocar de que o nosso objetivo primordial era apurar para o pré-olímpico, que foi o que acabamos de conseguir, mesmo sem ter de esperar pelo Egito. Estamos muito felizes, mais uma meta alcançada, dois pré-olímpicos consecutivos é obra”, reagiu, já mais tarde, o selecionador nacional, dizendo: “Não conseguiríamos nada disto se não tivéssemos jogadores de excelência e com capacidade competitiva e de sofrimento como tivemos neste Europeu. Adoro os meus jogadores, são espetaculares, fantásticos”.
Antes, no aeroporto, Paulo Jorge havia admitido que na véspera “tinha ficado triste”, porque “tínhamos tido a possibilidade de ir ao Lanxess Arena, que era um sonho para todos”. Ainda assim o técnico amarantino, mas portuense de adoção, dizia-se “muito contente”, explicando as razões. “Pela forma como nós muito rapidamente construímos um grupo para ser competitivo. Houve um compromisso impecável de toda a gente, como é hábito e ganhar à Chéquia, num jogo em que fizemos uns 30 minutos fantásticos, e depois à Noruega e à Eslovénia, quando as coisas ainda estavam em jogo, porque depois, na última jornada, a verdade desportiva desapareceu”.
Sobre essa matéria, a inesperada derrota dos tricampeões do mundo frente à Eslovénia, Paulo Jorge acrescentou: “Eu entendo que a Dinamarca, e eu faria o mesmo, tenha poupado os jogadores mais utilizados, mas já não entendo, e aí já não o faria, é uma questão de ética, como é que um jogador que faz 11 remates e falha oito continua em jogo, havendo outros para a mesma posição. Foi uma coisa que me chamou a atenção... Vale o que vale, até porque tivemos um jogo que podíamos ter vencido e que acabamos por não conseguir”. “Preparamos o jogo da mesma maneira, mas com os Países Baixos, sem pontos, é possível que no nosso subconsciente tenha ficado a ideia de que com maior ou menor dificuldade iríamos ganhar, mas as quando as coisas começam a correr mal às vezes não é assim. Foi o que aconteceu”, assumiu ainda Paulo Jorge Pereira sobre o empate a 33 golos. O certo, porém, é que esse ponto foi importante para esta entrada na qualificação olímpica.
“Não somos um país de desporto”
“Quando vamos a Europeus e Mundiais jogamos sempre no limite, é um golo para cima, um golo para baixo. Voltou a acontecer, mais um golo e íamos jogar o quinto lugar e estávamos diretamente no pré-olímpico”, referiu o selecionador no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. “Portugal não é um país de desporto, é um país de futebol. E não estou a tirar mérito ao futebol, estou a dizer que olhamos para isto como se fosse uma coisa pouco séria. São modalidades... E combatemos com países onde o desporto é um valor social, para eles acrescenta valor à sociedade. Nós aqui ainda não percebemos isso”, frisou.