Papa Unjanque não esquece: "Estive para morrer três vezes, já gastei algumas vidas"
Papa Unjanque chegou ao Leões de Porto Salvo com sete anos e é por lá que tem brilhado. No último sábado, diante do Modicus, marcou um belo golo de calcanhar
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A magia aconteceu, em Porto Salvo , no último sábado, aos 17 minutos da partida com o Modicus: Papa Unjanque, de costas para a baliza, atirou de calcanhar para o fundo das redes. Além de ter sido espetacular, o golo ajudou os leões a garantir um lugar nas meias finais do play-off da Liga Placard e, igualmente importante, contribuiu para o ala/pivô, de 26 anos, recuperar a confiança perdida. "Foi um grande golo, é verdade. Mas, também temos de enaltecer o passe do Wesley, que foi importante. E depois, naquela posição, só daquela maneira é que podia fazer este golo que me trouxe a confiança que faltava. Não considero que esta esteja a ser uma boa época, acho que ainda consigo dar mais", começou por explicar o jogador, que está em Porto Salvo há mais de uma década.
O próximo adversário nas meias finais do play-off é o Sporting. Trata-se de uma equipa que dispensa apresentações, mas que, na fase regular do campeonato, cedeu pontos diante do Leões de Porto Salvo. "No nosso pensamento, vamos jogar para ganhar. Sabemos que estamos a jogar com o campeão europeu, mas, mesmo assim, acho que conseguimos fazer uma graça. Já empatámos com eles, aqui em Porto Salvo (4-4), este ano, e, se formos com a mesma atitude com que fomos contra o Modicus, acho que vamos dar luta", antecipou Papa, para quem a equipa está a realizar uma época "incrível": "Começámos mal o campeonato, mas depois conseguimos dar a volta e tem sido espetacular. Desde que estou em Porto Salvo esta é a melhor época da equipa".
Luso-guineense, 26 anos, mostrou-se satisfeito pelo bom momento que a equipa atravessa. Admitiu, contudo, que, a nível individual a avaliação é diferente: "Acho que ainda consigo dar mais"
No clube desde os sete anos, na sequência de uma ligação familiar, Papa quer continuar no Leões de Porto Salvo. "Comecei aqui quando o meu irmão também jogava. O treinador dele treinava as escolinhas e convidou-me para treinar. A partir daí, comecei a gostar de futsal, sobretudo por ser uma modalidade tão competitiva, por não ser parado e a bola estar sempre a rolar. Espero continuar aqui muito mais anos, sinto-me muito feliz", afirmou. Jogar futsal não o impede de ter uma atividade profissional e Papa já passou por várias experiências a esse nível. "Nunca tive problemas com o trabalho. O trabalho é a melhor coisa que podemos ter. Sempre consegui conciliar com o futsal. Trabalho durante o dia e os treinos são à noite. Quando os treinos mudam de horário, troco de turno. Já trabalhei nas limpezas, na Uber, na Telepizza, no McDonalds... agora trabalho como segurança. O meu lema é: "trabalha, malandro"", rematou a rir.
!Quando trabalhava a entregar pizzas, tive um acidente de mota muito grave. Acho que já gastei algumas vidas"
Fora do futsal, Papa Unjanque já viveu situações dramáticas e estar vivo é um verdadeiro milagre, como o próprio contou. "Já estive para morrer três vezes", revelou: "A primeira foi aos sete meses, com uma paragem cardiorrespiratória. Estava na Guiné e tive de vir para Portugal, mas no avião deram-me como morto. Cheguei ao hospital e reanimaram-me e aqui estou eu. Mais tarde, ia morrendo afogado num tanque, mas tive a sorte de um colega me salvar. Mais recentemente, há cinco anos, mais ou menos, quando trabalhava a entregar pizzas, tive um acidente de mota muito grave. Acho que já gastei algumas vidas".