Martins Sesks, da M-Sport Ford, antecipou a O JOGO a quinta etapa do WRC, uma das seis que vai fazer este ano
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Nascido em Liepaja, terceira maior cidade da Letónia, e com 25 anos, Martins Sesks está a ser uma lufada de ar fresco no Mundial de ralis (WRC), no qual participa esta temporada a tempo parcial, uma oportunidade que mereceu após a espantosa estreia no Rali da Polónia do ano passado com um Puma não-híbrido. Vice-campeão europeu de ralis em 2023, Sesks ficou a 0,3s de ganhar uma especial logo a abrir, concluindo o evento polaco em quinto, seguindo-se o sétimo posto no “seu” Rali da Letónia e uma presença no Chile. Sexto na Suécia já este ano, Martins Sesks regressa agora para o Rali de Portugal, que venceu, em 2021, então como júnior. A O JOGO, o simpático letão partilhou as suas memórias desse ano e as expectativas para esta edição, que começa já amanhã.
Como se sente antes da estreia no Rali de Portugal com um Rally1?
—Estou muito ansioso para começar a temporada de terra com o Rali de Portugal. Sinto-me empolgado e focado. Sei que vai ser uma prova muito exigente. Como não estou a fazer a época completa, os pontos para o campeonato não são preocupação e também não vou pontuar para o Mundial de construtores. O meu principal objetivo é completar o evento, ter um bom ritmo e ganhar experiência – se não se termina, não aprende e vou estar ter o meu foco colocado nisso.
O que mais gostou da participação de 2021, quando ganhou como júnior?
—A especial mais longa desse rali [Amarante] foi um verdadeiro teste de resistência. O troço estava cheio de pedras, porque, como juniores, íamos atrás dos carros mais potentes. Foi uma lição inestimável sobre nunca desistir, independentemente dos contratempos. Essa mentalidade de lutar contra a adversidade e manter a tática foram importantes para ganhar.
Quem são os fãs mais apaixonados: os portugueses ou os letões?
—Tanto uns como outros são incrivelmente apaixonados, cada um à sua maneira. Os portugueses são barulhentos, animados, criando uma atmosfera incrível durante os ralis. Os letões são muito dedicados e mostram sempre um forte apoio, não importa onde quer que estejamos. São criativos e extremamente dedicados a planear a colocação das bandeiras da Letónia, sempre a tentar posicioná-las nos pontos mais visíveis. Ambos, portugueses e letões, amam genuinamente os ralis, o que nos motiva a dar o melhor.
Há alguma jornada ou especial deste ano pela qual esteja mais desejoso de competir?
—Por todas. Algumas são completamente novas, outras semelhantes às que tivemos em 2021, espero que ajude o facto de ter algum conhecimento delas. Embora tenhamos feito uma boa preparação aqui, com dois ralis no campeonato português com o Rally2 [n.d.r.: Rali Serras de Fafe e Terras d’Aboboreira], este evento vai ser exigente. Sexta-feira e sábado vão ser dias longos.
O que vai ser mais desafiante?
—É difícil dizer: as condições da estrada, especialmente nas segundas passagens, ou as mudanças de clima. O Rali de Portugal tem algumas etapas mais emocionantes, célebre pela dificuldade técnica. Os troços de terra vão testar tanto as minhas habilidades de condução como a durabilidade dos pneus e do carro. Será mesmo um grande desafio.
Já visitou Portugal sem ser para competir?
—As minhas visitas a Portugal têm sido sempre relacionadas com provas. Tanto o Litoral como o Interior são de tirar o fôlego. A comida é deliciosa. É sempre um gosto visitar este país. O clima de Portugal é imprevisível e isso faz-me lembrar a minha cidade natal, Liepaja.
“Nem sonhava fazer meia época”
Fora Suécia e Portugal, Sesks está escalado para fazer o Rali da Sardenha (Itália), Grécia, Estónia e Finlândia, mas um programa a tempo inteiro pode concretizar-se no futuro. No último ano, a popularidade do piloto letão subiu em flecha no país-natal, cuja principal referência desportiva é Kristaps Porzingis, basquetebolista campeão pelos Boston Celtics, um gigante de 2m18.
Tem um programa de seis ralis esta temporada. O objetivo é passar a piloto a tempo inteiro?
—Estou grato pela oportunidade de competir em metade da temporada este ano, permite-nos mais hipóteses de mostrar o nosso ritmo e maturidade com o carro. Se me tivesse feito essa pergunta em maio do ano passado, eu nem sonhava fazer meia época em 2025. Mas, claro, o apetite cresce a cada prova. Se mantivermos a consistência, quem sabe, 2026 pode trazer uma temporada completa.
Na Letónia, já é tão famoso como o Kristaps Porzingis?
—Parece que despertámos um pouco a cultura adormecida dos ralis na Letónia. O Rali da Letónia do ano passado tornou-me definitivamente mais popular, o meu nome ficou conhecido até mesmo por pessoas fora dos ralis, como crianças e avós. Recebemos muita atenção e, segundo os números, cada letão ouviu falar do Rali da Letónia, 23 vezes naquela semana. A sensação de ter 20 mil pessoas a torcer numa arena gigante ou as longas filas de pessoas com bandeiras foi incrível. Ainda assim, é difícil comparar a minha popularidade com a de Kristaps Porzingis. Aposto que ele não consegue andar nas ruas da minha cidade sem ser fotografado.
Que ídolos tem no WRC?
—Não posso dizer nenhum em particular. Vou aprendendo com vários pilotos. Admiro a competência e dedicação à perfeição do Sébastien Loeb, a aura do Craig Breen e a energia do Petter Solberg.