UCI irá expulsar cada equipa que apresente dois casos positivos à covid-19. Favoritos não faltam, mas espera-se um duelo entre a Ineos de Egan Bernal e a Jumbo de Primoz Roglic, de longe os mais fortes
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A Volta a França que hoje arranca será a mais incerta da era moderna. Sem o calendário habitual, o ritmo de cada corredor foi construído num mês de competição depois de um hiato de cinco e com longo confinamento para muitos. Assim se explica que Geraint Thomas e Chris Froome, dois dos três últimos vencedores, tenham caído dos eleitos.
Atrasado dois meses, o Tour vai partir sob uma ameaça: cada dia será uma vitória na intenção de chegar aos Campos Elísios. A pandemia colocou Nice, que recebe as três primeiras tiradas, em zona vermelha, obrigando a fechar os acessos do público às montanhas.
Entre as equipas, dois casos positivos de covid-19 numa semana implicam a desqualificação dos oito corredores. Alguns falsos positivos têm gerado alarme, o que ajuda a perceber o estado de alerta em que vai viver um pelotão com 3470 quilómetros para percorrer ao longo de 21 dias. Há mesmo um plano de contingência que prevê o final de corrida, com classificações, a partir do décimo dia, daí a dificuldade imposta na primeira semana.
O percurso é duro. Haverá nove montanhas na primeira semana - uma inovação - de um Tour que terá um total de seis finais em alto e um contrarrelógio que também protege os trepadores. A falta de ritmo dos ciclistas faz prometer um extenso e, quem sabe, histórico número de abandonos e alguma dificuldade para controlar a corrida. Também inédito é o facto de todos os principais candidatos terem caído ou sofrido lesões este mês e sobretudo na última prova, o Dauphiné.
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A Ineos e a Jumbo-Visma partem como favoritas: Egan Bernal é o campeão em título e o mais versátil da nação de colombianos; Primoz Roglic é capaz de ganhar segundos a cada topo e tem um "crono" à medida. Ambos têm nomes importantes para os ajudar: Amador, Sivakov, Van Baarle e Kwiatkowski na Ineos; Bennett, Kuss e Gesink na Jumbo. As duas equipas têm ainda alternativas aos líderes, Richard Carapaz na Ineos e Tom Dumoulin na Jumbo, ambos vencedores do Giro.
Entre os outsiders destacam-se os franceses, sendo Thibaut Pinot (FDJ) a esperança maior, por ter um percurso à sua medida, o regular Guillaume Martin da Cofidis e o explosivo Julian Alaphilippe Deceuninck, já sem o efeito surpresa de 2019.
Correm ainda Emmanuel Buchmann (Bora), um discreto quarto na última edição, Mikel Landa (Bahrain), finalmente dono e senhor de uma equipa, Rigoberto Urán e Daniel Martínez, dupla forte na EF, Nairo Quintana, que apareceu renascido na Arkéa, e dois estreantes no Tour, Tadej Pogacar (UAE) e Miguel Ángel López (Astana): ambos com pódio na Vuelta, são candidatos indiscutíveis.
Falta Enric Mas, a nova esperança espanhola e líder da Movistar, segundo diz Alejandro Valverde, que se pensava ser ainda o número um. A dupla será ajudada por Nelson Oliveira, único português em prova, e tentará mascarar a confusão que foi a Movistar na Volta a França de 2019.
Egan Bernal: "Primoz tem voado"
"Ainda tenho algumas dores nas costas, mas estou muito melhor do que no Dauphiné e espero evoluir com os dias", disse ontem Egan Bernal, explicando a sua desistência na corrida que antecedeu o Tour. O jovem colombiano quer defender o seu número 1, mas admite ter os rivais da Jumbo-Visma mais fortes: "Estão entre os favoritos. O Primoz tem estado muito forte, tem voado. Será candidato, mas precisamos de ter cuidado com o Tom Dumoulin. Será bom para a corrida haver mais uma equipa forte e repartir com ela as responsabilidades".