Fundão, clube da Liga Placard de futsal, sofre com os incêndios que devastam a região e não esquece os bombeiros, para quem já conseguiu doações no valor de 12 mil euros
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“Piorou, hoje deixámos de ver o sol ao meio-dia...”, contava ontem a O JOGO Rui Quelhas, presidente da Associação Desportiva do Fundão, sobre os incêndios que continuam a arrasar a região. Fundado em 1955, o clube que disputa a Liga Placard, o principal escalão do futsal nacional, lançou uma linha de apoio para recolher fundos a favor dos bombeiros da cidade e também da Covilhã.
“Já conseguimos doações no valor de 12 mil euros e a campanha vai manter-se enquanto não acabar o fogo. Esse dinheiro será dividido pelos bombeiros do Fundão e da Covilhã”, revelou o dirigente, desejoso de também poder ajudar a família de Daniel Agrelo, de 44 anos, bombeiro dos voluntários da Covilhã que morreu vítima de acidente de viação quando se deslocava para os incêndios no Fundão. “É uma onda de solidariedade enorme e temos um grande orgulho por todas as pessoas que têm ajudado”, diz, reconhecido, Rui Quelhas, dando conta das “muitas mensagens” que tem recebido dos clubes da Liga Placard, e não só, além da Federação Portuguesa de Futebol.
Com a pré-época em curso, treinar não tem sido fácil. Nada tem sido fácil. O Pavilhão Municipal está a servir de “casa” aos bombeiros de todo o país que estão a combater as chamas e a preparação decorre, quando é possível, no recinto do clube, que tem medidas mais curtas do que as regulamentares. “Em relação a tudo o que se está a passar e a todas as pessoas daqui, somos os menos afetados”, desvaloriza o líder da Desportiva, mais preocupado com o agravamento dos fogos, que nada poupam. O Torneio Cidade do Fundão está aí à porta, com a participação do Caxinas, Leões de Porto Salvo e Eléctrico, mas, perante as atuais condições, é possível que seja transferido para a Covilhã.
Rui Quelhas estava esperançado que “o plano municipal de emergência pudesse ser levantado”, algo sobre o qual passou a ter grandes dúvidas ontem. “O dia está completamente escuro, não consigo dizer que horas são se não olhar para o relógio. Desde domingo à noite que é só fumo, faúlhas...”, descreve, reforçando a incerteza. “O ar continua irrespirável, treinar é complicado, mas somos uns felizardos porque continuamos a fazer o que gostamos. Tivemos dois ou três treinos cancelados e dois treinadores não puderam vir porque foram ajudar a defender as aldeias deles das chamas”, declara, distante de objetivos desportivos para a temporada que se avizinha: “O grande objetivo é voltar à normalidade”.
Pavilhão: duzentas camas à espera dos bombeiros
Do futsal para outras guerras, o Pavilhão Municipal do Fundão é agora a “casa” dos bombeiros que combatem os fogos na região, onde foram colocadas perto de 200 camas de campanha para poderem descansar. No espaço, os balneários habitualmente ocupados pelos craques do futsal, recebem agora heróis de outras guerras.