Foi com indisfarçável emoção, apesar de a conversa ter sido por telefone, que Paulo Oliveira falou a O JOGO, sublinhando a inteligência deste menino prodígio do desporto português
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Chama-se Miguel Ângelo Falcão de Oliveira, nasceu no Pragal, em Almada, a 4 de janeiro de 1995, compete pela Red Bull KTM Tech 3, está a cumprir o segundo ano na MotoGP e será o próximo campeão do mundo da categoria rainha. A garantia foi dada pelo pai, Paulo Oliveira, a O JOGO.
"Ele vai ser campeão do mundo de 2020", atirou de pronto. "Quando acreditamos as coisas acontecem, é continuar a vencer corridas, é continuar a fazer pódios e já chegar ou celebrar em Portimão o título de campeão do mundo. É isso que eu espero, eu e todos os portugueses", prosseguiu, em atenciosa conversa telefónica com o nosso jornal, acompanhado por alguns amigos que festejavam a vitória de Miguel Oliveira, a primeira, recorde-se, de um português ao mais alto nível.
Depois de ter andado um ano, em 2011, em 125cc, passou os quatro seguintes em Moto3, com seis vitórias, todas no último ano, em 2015, passando a seguir para a Moto2, onde esteve três anos, conseguiu seis vitórias em corridas e ficou em segundo lugar no Mundial de 2018. No ano passado chegou à categoria rainha, não tendo ganho qualquer grande prémio, feito conseguido ontem, após uma magnífica corrida.
"Estas coisas não são de acreditar, são de ser inteligente, ele viu a situação e capitalizou", explicou Paulo Oliveira. "Eu adivinhar o que lhe ia na cabeça? Isso é impossível, de volta para volta as coisas alteram-se, a pista também, as coisas mudam em função daquilo que foi a volta anterior e assim vão-se desenhando estratégias, às vezes resultam outras vezes não, na última curva o Miguel aproveitou e passou", descreveu, admitiu ter sentido "uma emoção muito grande, uma alegria enorme".
A real meta do almadense
Miguel Oliveira leva várias corridas afirmando que acabar o ano no top 10 seria uma meta e nunca escondeu que se sentia capaz de lutar pelo pódio e de ficar nos cinco primeiros. A vitória de ontem mostrou que afinal podia ir mais longe e que sem as duas quedas (GP de Andaluzia e GP da Áustria) seria mesmo um top 5 ou top 3 no Mundial. Há muito não havia tanto equilíbrio e, realisticamente, há 11 pilotos capazes de lutar pelo título num Mundial que não tem Marc Márquez, de fora por lesão. Ontem, Pol Espargaró elogiou Oliveira e sobre a reta final contou: "Não tinha ideia onde ele estava. Sabia que havia uma KTM, mas não sabia se estava perto. Ele aguentou muito bem. Eu pensava que era só entre mim e Jack."