
Martim Castela
Martim Castela, de 18 anos, tornou-se o improvável herói do Caxinas, assinando o golo que valeu a vitória por 2-1 diante do Famalicão, na jornada transata da Liga Placard
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O Caxinas vinha de oito derrotas seguidas a carregar o peso das semanas em que tudo parecia fugir-lhe por entre os dedos. E foi precisamente nesse cenário, no sítio onde o futsal tantas vezes vira histórias pelo avesso, que um miúdo de 18 anos decidiu empurrar a maré. Martim Castela, fixo, habituado a oscilar entre os sub-19 e a equipa principal, apareceu onde poucos esperavam e ofereceu ao Caxinas um triunfo por 2-1 diante do Famalicão, que valeu bem mais do que três pontos.
"Foi uma alegria enorme marcar o meu primeiro golo na Liga Placard, mas o mais importante foi ajudar a equipa a alcançar uma vitória depois de tantos jogos sem pontuar. Deixei-me levar e só quis festejar com os meus colegas e adeptos. Ficará sempre na memória", diz Martim em entrevista a O JOGO.
O contexto explica muito: oito derrotas consecutivas deixam qualquer balneário marcado e Martim sentiu esse peso. "Sim, senti que tinha de ser agora. Precisávamos de dar uma resposta forte a nós próprios, ao clube, aos adeptos. Não foi só tática, foi emocional. Quando marquei o golo, senti que era o golo de uma equipa que nunca deixa de acreditar, mesmo nos momentos difíceis", admite o fixo. No balneário, o impacto foi imediato. "Todos os triunfos são importantes, mas este tinha um peso diferente. Os últimos resultados tinham sido negativos. Espero que seja um virar de página, aumentar a confiança e a motivação do grupo."
Martim Castela fala com a maturidade de quem, em poucos meses, somou sete jogos na equipa principal enquanto ainda respira o contexto dos sub-19. Essa oscilação constante entre escalões tem-lhe dado calo em tempo recorde. "O mais desafiante é ajustar o ritmo mental e físico. A intensidade na equipa principal é muito superior, mas tento manter sempre os pés no chão. Sei que tenho muito para aprender. Foco-me no essencial: treinar bem, manter a concentração e estar disponível para o que o treinador pedir", garante.
Talvez por isso o internacional jovem português responda com a naturalidade de quem não saltou etapas, mas as viveu todas de frente. "Mostrei que posso ser uma opção fiável, que mantenho o nível competitivo, que não me escondo nos momentos difíceis e que tenho maturidade para ajudar a equipa, mesmo vindo dos sub-19", assegura. E, quando olha para o que vem aí, Martim não enrola palavras e sabe o que quer e para onde aponta. "É continuar a crescer como atleta e consolidar o meu lugar na equipa principal, aproveitando cada oportunidade, melhorar em todos os aspetos do jogo -posicionamento, decisão, leitura de jogo - seguindo a aprender com os colegas mais experientes e contribuir para que a equipa consiga alcançar bons resultados e os seus objetivos", remata o jovem.
O que lhe tem pedido Nuno Silva, treinador da equipa principal
Para Martim, a exigência do treinador Nuno Silva é clara e direta, e o foco passa por concentração máxima e rigor. "O míster quer que eu entre e mantenha o equilíbrio da equipa, que seja forte defensivamente, agressivo nos duelos, ajude na circulação da bola e não tenha medo de assumir quando é preciso. É preciso ter personalidade", explica o fixo. Mas não se trata apenas de disciplina tática. "Também quer que eu jogue de forma simples, sem pensar demasiado na idade ou na diferença de contexto. É deixar rolar naturalmente".
