"O Fausto Gresini, lá do céu, pediu a alguém que chovesse"

O espanhol Marc Márquez (Ducati) venceu este domingo o Grande Prémio de San Marino de MotoGP, 13.ª ronda do Mundial de motociclismo de velocidade, e entrou na corrida pelo título, numa prova em que Miguel Oliveira (Aprilia) foi 11.º.

O piloto português, natural de Almada, que partiu da 18.ª posição, cortou a meta a 46,386 segundos do vencedor, com o italiano Francesco Bagnaia (Ducati) na segunda posição, a 3,102 segundos, e o seu compatriota Enea Bastianini (Ducati) em terceiro, a 5,428.

Esta foi a segunda vitória consecutiva de Márquez, que tinha ganho na ronda anterior, em Aragão. Desde 2021, quando venceu o Grande Prémio das Américas e o da Emilia Romagna que Márquez não ganhava duas corridas consecutivas no Mundial.

Hoje, numa prova disputada sob ameaça de água, arrancou da nona posição mas foi só quando a chuva começou a cair que as contas da corrida se baralharam.

Bagnaia, bicampeão do mundo, arrancou em primeiro e segurou o comando, até porque o espanhol Jorge Martin (Ducati) se envolveu numa escaramuça com o companheiro de equipa, o italo-brasileiro Franco Morbidelli (Ducati), e cedeu um pouco de terreno.

O piloto madrileno, que seguia no encalço de Bagnaia e tinha 26 pontos de vantagem no campeonato para gerir, cedeu à pressão e resolveu arriscar quando apareceram as primeiras gotas de água. Na sétima volta foi às boxes trocar para uma mota com pneus de chuva.

Um erro estratégico pois as primeiras gotas não tiveram sequência e, duas voltas mais tarde, Jorge Martin voltou às boxes para trocar novamente para a mota com pneus de piso seco.

Com isso, desceu de segundo a 15.º, desbaratando 19 pontos no campeonato.

Miguel Oliveira, que arrancou de 18.º, rodava na 19.ª posição quando a chuva ameaçou. O português, que se dá bem com as fracas condições de aderência, escalou até 11.º, aproveitando os erros estratégicos de meia dúzia de pilotos que arriscaram entrar nas boxes para trocar de mota.

Márquez também elevou o seu nível de pilotagem quando a pista estava mais escorregadia e chegou mesmo ao comando.

Ainda se viu apertado por Bagnaia a sete voltas do final mas reencontrou o seu ritmo e rapidamente se afastou dos perseguidores.

“O importante era a velocidade depois da chuva, que apareceu. Consegui recuperar o ritmo que tinha nos treinos. O Fausto Gresini [dono da equipa Gresini, na qual milita Márquez, falecido em 2021 vítima de covid-19], lá do céu, pediu a alguém que chovesse. Esta vitória é para toda a família Gresini”, disse o piloto espanhol.

Pelo caminho ficou Pedro Acosta (GasGas), que caiu quando lutava por um lugar no pódio, regressando à pista já muito atrasado.

Até final, Bagnaia segurou a segunda posição e recuperou 19 dos 26 pontos de desvantagem no campeonato.

“Ontem [no sábado] tive a oportunidade da vitória mas não a aproveitei. Hoje era impossível mais do que o segundo lugar. Se estiver bem fisicamente, talvez possa lutar mas o Marc, nestas condições, é muito forte”, frisou o bicampeão mundial.

Com estes resultados, Jorge Martin tem, agora, 312 pontos, contra os 305 de Bagnaia e os 259 de Márquez. O espanhol da Gresini, seis vezes campeão do mundo, está a 53 do líder do campeonato, quando ainda faltam disputar sete rondas e 259 pontos.

Miguel Oliveira mantém o 13.º lugar, com 65 pontos.

A próxima ronda será o Grande Prémio da Emilia Romagna, neste mesmo circuito de Misano, de 20 a 22 de setembro.