"O ano passado soube a pouco e, agora, ganhar na primeira corrida é espetacular"
Ruben Guerreiro vive "sonho" ao ganhar na primeira prova com as cores da Movistar.
Corpo do artigo
Ruben Guerreiro concretizou, esta quinta-feira, um sonho ao ganhar na primeira corrida com as cores da Movistar, após uma época que "soube a pouco", e quer agora assegurar a vitória final na Volta à Arábia Saudita em bicicleta.
"É um sonho ganhar na primeira corrida. Em qualquer corrida no ciclismo moderno, as vitórias estão cada vez mais caras. No ano passado, estava em muito boa forma, mas fiz segundos, terceiros [lugares], consegui ganhar o Mont Ventoux [Dénivelé Challenge], mas soube a pouco", resumiu o ciclista português, em declarações à agência Lusa.
Ruben Guerreiro subiu hoje à liderança da Volta à Arábia Saudita, ao vencer a quarta etapa, entre Maraya e Skyviews of Harrat Uwayrid.
Com uma contagem de montanha nos derradeiros quilómetros dos 163,4 da tirada, o português da Movistar, que respondeu a todos os ataques dos adversários, soube esperar pelo momento certo para acelerar, impondo-se no sprint final ao italiano Davide Formolo (UAE Emirates) e ao colombiano Santiago Buitrago (Bahrain-Victorious), que terminaram com as mesmas 3:45.01 horas do vencedor.
Depois de ter começado "a viver só para o ciclismo" na temporada passada, e de ter conseguido "ultrapassar a barreira das lesões" que teve "durante a primeira fase da carreira", Ruben Guerreiro acreditava que poderia ter alcançado mais em 2022, ano em que ergueu os braços no Mont Ventoux Dénivelé Challenge, foi terceiro na Volta a Alemanha, sexto na Volta a Burgos, sétimo na Flèche Wallone e nono no Critério do Dauphiné.
"O ano passado soube a pouco e, agora, ganhar na primeira corrida é espetacular. Estou muito satisfeito e eles também me abraçaram com todo o carinho, toda a gente me ajudou aqui e só tenho de agradecer a eles", disse, num reconhecimento pelo apoio da sua nova equipa.
Agora, o vencedor da classificação da montanha do Giro'2020, edição em que ganhou também uma etapa, reconhece que, estando vestido de verde com apenas uma tirada por disputar na prova saudita, o triunfo na geral final pode ser uma realidade.
"Realmente, passar pela cabeça ganhar esta corrida, passa sempre, mas é sempre muito difícil. Os primeiros dias foram caóticos, muito stress, muita qualidade de sprinters, trepadores, roladores, sempre tive muita atenção. Digamos que o top 5 era uma ambição minha e da equipa, eles sabiam que eu estava bem. Tinha realizado um inverno realmente muito duro, o inverno em que mais treinei, em que mais me apliquei também", revelou à Lusa.
O ciclista de Pegões Velhos lidera a Volta à Arábia Saudita com oito segundos de vantagem sobre Formolo e nove face a Buitrago, quando falta disputar a quinta e última etapa, uma ligação de 142,9 quilómetros entre Cidade Velha de AlUla e Maraya.
"Com a ajuda deles, começámos a pensar mais desde ontem [quarta-feira, na vitória na geral], e, hoje, ganhar e meter-me líder para a última etapa é "pole position"", exemplificou.
Conquistado o quarto triunfo como profissional, e o primeiro desde que trocou a norte-americana EF Education-EasyPost pela equipa espanhola, Guerreiro quer "acabar bem" a corrida saudita antes de pensar no que falta de temporada.
"Vamos corrida a corrida, com a maior ambição, sempre respeitando o nosso líder, que é o Enric Mas, que é dos melhores corredores do mundo. Tenho 28 anos, mas sinto-me a crescer. Sinto-me como [tendo] 20", concluiu o português.