Tenista fecha a época como o português que somou mais pontos para o ranking ATP. Aos 24 anos, caminha para a estreia no top-100.
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Foi um prazer conversar com um jovem tenista cujas ideias estão bem arrumadas numa gaveta cheia de maturidade. Nuno Borges, o embaixador perfeito do desporto maiato, embarca hoje para o qualifying do Open da Austrália, dando início a uma temporada em que pretende voar ainda mais alto.
O seu apelido de Lidador já pegou, como sucedeu ao João Sousa com o Conquistador?
-Para além dos jornais, só uma ou outra pessoa me chama isso.
Há 30 anos, quando se disputou o primeiro Maia Open, o presidente da câmara, Vieira de Carvalho, expressou o desejo de se fabricar no novo Complexo de Ténis um jogador capaz de lutar por títulos internacionais. Foi finalista do último Maia Open: como interpreta este facto?
-Não conhecia essa história, ainda não era nascido, mas sinto que sou o atleta que leva a Maia mais longe em termos internacionais. Para o Maia Open será sempre importante ter um português a discutir o título, principalmente se for maiato. No meu caso, nunca tive tanta gente a assistir a uma final.
Como encara a popularidade?
-Terei de estar preparado para algo que não aprecio muito. A quem está no topo, a fama traz muitas vezes desconforto. Tento ser reservado, mas sei que faz parte do processo e oxalá o reconhecimento possa surgir por arrasto.
Já o conheceram no supermercado?
-(risos) Já me aconteceu num shopping, na Maia.
O João Maio, seu treinador desde a formação até julho último, disse no final do Maia Open que o Nuno entrará no top-100 em 2022 e que, se o fizer diretamente para o top-80, acabará a época no top-50. Pressão ou motivação?
-Acho que é possível. O João é uma pessoa que acredita em mim desde muito cedo. São coisas difíceis de controlar, mas penso que, se correr tudo na perfeição, pode ser que aconteça, estando preparado para que demore mais a acontecer. Chegar ao top-50 é o meu objetivo. Por agora existem outros objetivos e etapas ainda por desbloquear.
A sua ida para o CAR/Jamor foi um corte com a Maia. Custou sair da zona de conforto?
-Não foi fácil, mas sabia que tinha de ser o meu próximo passo, o João Maio já não tinha capacidade para gerir aquela que será a maior academia do país e poder acompanhar-me como gostaria. Mudei há pouco tempo e a Federação tem ajudado imenso nesse aspeto e oferece todas as condições. Apesar de já ter vivido nos Estados Unidos e de ter estado bem mais longe, aqui [Jamor] por vezes a saudade aperta, estando tão perto mas não podendo estar em casa.
Quando não está a treinar, competir e viajar, o que gosta de fazer?
-Gosto de ver séries de TV. Ainda estou a descobrir um bocadinho a minha zona de conforto nas séries e há pessoal com mais rodagem nesse aspeto. No geral até gosto mais de filmes, principalmente se forem vistos em família ou com os amigos no cinema.
Há algum filme que tenha enchido as medidas?
-Lembro-me que o Avatar foi algo revolucionário e marcou muita gente, não só a mim. Se forem filmes de terror ou aqueles thrillers muito pesados já não gosto.
Algum tenista como grande referência?
-Claro que não me revejo no Roger Federer, mas sempre foi o meu ídolo e continuará a ser, mesmo depois de deixar de jogar. E agora, que me aproximo mais do nível dos torneios onde estão os melhores, apercebo-me do quão valioso e do tamanho da grandeza daquilo que são capazes os jogadores do topo.