"Não faço milagres, mas nenhum dos ciclistas da W52-FC Porto vai morrer à fome"
Adriano Quintanilha (W52) e Pedro Silva (Miranda Mortágua) afirmam a vontade de patrocinadores e equipas de proteger os atletas.
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Tal como O JOGO adiantou na quarta-feira, os efeitos da quarentena já se fazem sentir no tecido empresarial português e podem condicionar os investimentos no ciclismo, a modalidade que depende da rentabilidade que consegue dar às marcas na estrada.
Um mês depois da paragem das corridas, O JOGO sabe que tanto os patrocinadores como os diretores das nove equipas lusas colocam no topo das prioridades o pagamento dos salários aos ciclistas. "Aqui não há culpados. Nenhum empresário pode fazer nada. Temos de fazer sacrifícios. Só quero que ninguém da equipa apanhe o vírus. Não faço milagres, mas nenhum dos nossos ciclistas vai morrer à fome", explica Adriano Quintanilha, líder da empresa W52 e principal investidor da formação que veste as cores do FC Porto.
A O JOGO, o patrocinador da W52-FC Porto garante: "O importante é superar a doença. Ninguém vai morrer à fome". Uma mensagem de esperança à modalidade que depende da visibilidade na estrada
"A nossa associação foi criada este ano e temos a equipa com o orçamento mais alto. Estava tudo controlado para fazermos uma boa época, sem que nada faltasse. Não havendo provas, teremos de equacionar, até porque outros patrocinadores, que não a W52 e o FC Porto, já manifestaram receios. O que mais preocupa é ter a Volta a Portugal", prossegue, contando que tem a fábrica e 149 lojas fechadas desde 17 de março.
Se um dos investidores dá a cara, numa outra equipa é o diretor-desportivo a transmitir esperança. Pedro Silva, da Miranda-Mortágua, diz: "Sei que a fábrica parou, com recomendações para entrar em quarentena por casos positivos de covid-19. Não é por 15 dias sem faturar que se gera preocupação na Miranda. São pessoas sérias. Temos almofada financeira para passar bem estes dois ou três meses e vamos cumprir as obrigações com os ciclistas. Quem tem orçamentos maiores terá mais dificuldades. Para já, estamos desafogados."
A Miranda está sediada em Águeda e produz material para bicicletas, exportando 90% da sua produção e tendo centenas de pessoas a seu cargo. "Acredito que as outras empresas que estão connosco, quase 30, terão mais dificuldades", finaliza Pedro Silva, antes de Adriano Quintanilha deixar uma mensagem de esperança: "Não havendo apoios da Federação ou do Governo, este é um momento difícil para as equipas e patrocinadores, mas também o é para todo o mundo. Mas sei que iremos vencer e voltaremos a fazer grandes festas no ciclismo."