Há quem considere Giba, brasileiro de Londrina, Paraná, o melhor voleibolista de sempre. Retirado há cinco anos, é comentador e político. Esteve em Espinho, no torneio AMB, e falou a O JOGO
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Gilberto Amauri de Godoy Filho tem 42 anos e todos o conhecem por Giba, campeão olímpico e mundial e um dos melhores jogadores de voleibol de todos os tempos. Em Portugal já tinha estado a jogar a Liga Mundial, a ver o Rock in Rio em Lisboa e agora voltou para ser homenageado durante a VIII edição do AMB Volleyball Cup, evento organizado pela Associação Maia/Brenha, que encheu a Nave de Espinho no jogo dedicado ao brasileiro.
Viajou desde o Brasil para um torneio de jovens. Tem esse hábito?
O Miguel [Maia] já me tinha convidado e só consegui vir à terceira. Mas tinha de ser. Sabia que é um torneio gigante. Posso estar muito enganado, mas creio ser o segundo maior do mundo.
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Quando conheceu o Miguel Maia e o João Brenha?
Em 1997 fomos adversários na Liga Mundial. Mas foi em Sidney, em 2000, que falámos mais. É melhor não contar os anos, diga só que nos conhecemos há bastante tempo! [risos]
Sabe que o Miguel Maia ainda joga no campeonato português?
Ele ainda joga!? A verdade é que todos nós jogamos, não conseguimos ficar de fora, está no sangue. Estava na praia, aqui em Espinho, e comecei a tirar os chinelos e a apertar os calções; a minha mulher perguntou logo se ia jogar... Disse que não aguentava. Cada um sabe onde dói o seu calo, como dizemos no Brasil. Se ele sabe que tem um excelente físico e vontade de jogar... É claro que não podem exigir o que exigiam quando ele tinha 20 anos, mas se joga só posso dizer: parabéns.
"Tento mostrar aos meus filhos que eles precisam de tentar de tudo, como eu: fiz judo, futebol, natação, ténis e basquetebol, até me encantar pelo voleibol"
O Giba retirou-se aos 37 anos. Podia ter jogado até mais tarde?
Não, porque foi planeado. Não tinha como continuar, o meu corpo estava a começar a não responder ao que a cabeça mandava, o físico já não era o mesmo, a paciência não era a mesma. Foi melhor manter a imagem boa, a do Giba campeão, a da pessoa que gosta de dar atenção a todos, do que um jogador que se iria lesionar e não ia corresponder às expectativas. Deixei a imagem boa, aprendi lendo e a ver o Pelé; ele parou no auge da carreira e é um atleta que tem uma imagem muito boa. O meu final foi nos Jogos Olímpicos, em Londres, foi o único local onde chorei no pódio. Não por perder a medalha de ouro, mas sim porque a minha carreira de 20 anos na seleção estava a acabar.
O Brasil é um país de futebol, como se fez jogador de voleibol?
-Não existe só o futebol. Tento mostrar aos meus filhos que eles precisam de tentar um pouco de tudo, como eu: fiz judo, futebol, natação, ténis e basquetebol, até me encantar pelo voleibol. Acho que as crianças devem tentar um pouco de tudo, para testarem os seus limites, até encontrarem o desporto que amam. Eles vão saber, é como o amor à primeira vista.
Um jogador de voleibol nunca terá um salário como o de Neymar. Como vê isso?
Cada desporto tem o seu valor nos média, nas vendas televisivas e no público. Não culpo o Neymar pelo que ele ganha, ou o Messi, ou o Cristiano Ronaldo; eles estão no desporto que paga mais, é assim que funciona. Temos de respeitar e dar a credibilidade a esses atletas, não foi fácil chegarem onde chegaram.
Giba está na política há seis anos, num país "bagunçado". É ainda comentador de vólei para a Globo
"Há que dar um crédito a Bolsonaro"
Os escândalos mais recentes não abalam a convicção de Giba, apoiante de Jair Bolsonaro e admirador de Sérgio Moro. O agora comentador televisivo explica como se envolveu na política.
O Giba faz parte do PSD Brasileiro. É um apoiante do presidente Jair Bolsonaro?
O Bolsonaro acabou de entrar, precisamos de lhe dar um crédito. É o primeiro ano no poder. Pegou num país que foi bagunçado mais de 17 ou 18 anos. É difícil hoje ver uma Petrobrás ser roubada em biliões... Nós, o povo, temos de ter muita paciência.
Como se ligou a um partido político?
Sou do PSD porque apoiei o Ratinho Júnior, governador do meu estado, o Paraná. Acredito na visão da política dele e no crescimento que o Estado teve em tão pouco tempo, está no poder há sete meses e já mudou bastante, conseguiu construir muitas coisas. E Bolsonaro está no mesmo caminho, acredito que o povo tem de lhe dar crédito. Ainda agora, na Copa América, todos acharam que ele ia ser vaiado e foi ovacionado, aplaudiram o que ele está a fazer no Brasil. Acredito no meu país, que o povo vai acordar e perceber que temos de mudar algumas coisas.
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