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O primeiro dia dos Mundiais de Doha pautou-se pelo apuramento dos principais favoritos.
O primeiro dia dos Mundiais de atletismo de Doha ainda não teve finais disputadas no estádio Khalifa e pautou-se pelo apuramento dos principais favoritos, entre os quais Pedro Pablo Pichardo no triplo salto.
Justin Gatlin e Christian Coleman, ambos dos Estados Unidos, "passearam-se" no hectómetro, no comprimento impressionou o cubano Echevarria e no triplo o ex-cubano, agora português, Pichardo, numa jornada morna e com muito pouco público.
A assistência poderá ser mesmo mais um ponto a desfavor destes Mundiais no Qatar, já tão criticados pelas condições em que se realizam, com temperatura elevada e humidade a obrigar a que as provas de estrada entrem pela madrugada.
O panorama desta sexta-feira foi de bancadas bastante vazias, com menos de 20 por cento da capacidade do estádio ocupado. Um panorama que se deve manter nos próximos dias, já que as vendas globais ainda não passam de 50 mil - e isso é o que Berlim ou Londres tinham num só dia.
A falta de atletas da casa a lutar por medalhas também não ajuda nada. Um quadro inesperado, face ao que se viu nos últimos anos, mas de facto desta vez não há nenhum local a lutar por medalhas nos obstáculos ou no salto em altura.
Sem surpresas, os dois favoritos dos 100 metros, os norte-americanos Christian Coleman e Justin Gatlin, passaram a primeira ronda sem grande pressão. Gatlin, campeão em título, ganhou a sua série em 10,06 segundos, e Coleman, o mais rápido do ano, triunfou em 9,98.
Para Coleman, que é o vice-campeão de Londres'2017, esta é a primeira prova desde que em agosto foi revelado que teve três faltas por localização no controlo antidoping, o que acabou por não ser sancionado.
Tanto as meias-finais como a final dos 100 metros disputam-se no sábado.
Outro candidato a grande figura destes mundiais que impressionou logo à primeira foi o cubano Juan Miguel Echevarría, único com apuramento direto para a final do comprimento, com um salto de 8,40 metros, uma marca que daria para medalha nas edições dos últimos 28 anos.
No triplo, Pichardo voou a 17,38 metros e ainda desperdiçou 20 centímetros para a tábua de chamada. O campeão do mundo, o norte-americano Christian Taylor, fez serviços mínimos, com 16,99, e também está na final, tal como a grande maioria dos melhores especialistas do ano.
Mas nem só de grandes marcas se faz o atletismo, e neste primeiro dia também brilhou Braima Suncar Dabo, da Guiné-Bissau, que correu nos 5.000 metros. Foi exemplo maior de desportivismo pela forma como amparou um outro concorrente, totalmente exausto, até à meta.
A corrida, primeira série da légua destes Mundiais, já se sabia que seria a última neste palco para Dabó e para Jonathan Busby, de Aruba, sem expetativas de chegar à final, e com naturalidade ambos descolaram do pelotão.
Quando Busby estourou, Dabó amparou-o e ambos seguiram, a passo, com o atleta de Aruba totalmente tolhido pela dor e esforço que quis continuar a fazer. Na meta, Dabo fez o habitual gesto de parar o cronómetro, mesmo sabendo que já não ia para recorde pessoal.
Braima Suncar Dabo vive em Portugal e estuda no Politécnico de Bragança. Como treinador tem José Regalo, que já foi um do melhores corredores lusos de 5.000 metros.
