Mortágua de luto antes da Volta a Portugal: "Precisamos de dois ou três dias para assimilar isto"
Joaquim Silva, ciclista da Tavfer-Measindot-Mortágua, relata a O JOGO o ambiente na equipa depois do falecimento de Pedro Silva
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Pedro Silva, um ex-sprinter de renome português e uma personalidade ímpar no ciclismo português, sendo diretor da Tavfer-Measindot-Mortágua, faleceu no sábado depois de uma doença oncológica ter-lhe levado a melhor numa luta de mais de um ano.
Prestes a entrar na Volta a Portugal, a consternação ainda domina o balneário. "Esperávamos a notícia, mas é difícil na mesma. Sabíamos que a doença estava a progredir, que estava a ser muito complicado. O Pedro era um homem de guerra e de coragem, transmitíamos força, mas, enquanto ele estava internado, já não tínhamos tanto contacto. Acho que precisamos de dois ou três dias para assimilar a situação: para nós é muito difícil tudo isto", constata a O JOGO Joaquim Silva, uma das armas da equipa para a Volta a Portugal, prova que arranca no dia 4 de agosto.
"Tudo o que ele fez por nós... podemos mostrar na estrada, temos de nos agarrar a isso. Onde quer que esteja, queremos que esteja orgulhoso de nós", afirma o ciclista de Penafiel, confidenciando as palavras de Pedro Silva: "Sei que ele tinha um grande apreço por mim, sempre me ensinou. Sou ciclista hoje em dia por culpa dele, saí de júnior e não tinha equipa. Ensinou-me praticamente tudo. Nos momentos maus, mesmo noutras equipas, fez questão de me acompanhar, deu-me incentivos. Acreditou no meu potencial e quando subiu esta equipa de divisão sempre disse que o objetivo era vir a trabalhar comigo. Mesmo que 2020 não me tenha corrido tão bem, voltou a confiar em mim e disse-me que estava satisfeito e muito orgulhoso por eu ter dado a volta a um momento menos bom. O Pedro pensava nos ciclistas."
Pedro Silva foi relembrado nas redes sociais pelas equipas adversárias, por corredores por este país fora. A equipa do Mortágua já estava a ser gerida pelo "chefe", como tantos atletas lhe chamaram com carinho,, tendo ocupado a posição Hélder Miranda.
Joaquim Silva, que tem sido muito regular durante a temporada, estabelece objetivos: "O meu principal objetivo seria discutir uma etapa, estar na frente nas etapas duras de montanha. Ganhar uma tirada será um grande objetivo. Não sei como reajo a tantos dias de competição porque corri muitas vezes este ano. Não penso na geral, mas há objetivos e posso estar nos melhores 15 atletas. Olho para uma vitória numa subida e a da Covilha é a que mais se ajusta a mim."
"O Tiago Antunes pode estar nos 15 primeiros também", analisa sobre o colega, um ciclista que saiu da Efapel e reencontrou o seu espaço para se afirmar. Iuri Leitão é a arma da equipa para os sprints na Volta a Portugal.