Miguel Tavares: "Benfica? Ganhar um título europeu seria uma ideia muito aliciante"
PARTE II >> Distribuidor português, que vai continuar na Polónia na próxima temporada, gostava de voltar a “casa”, mas só com os encarnados mais fortes a nível internacional
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Miguel Tavares guarda um lugar no seu coração para o Benfica, de onde saiu ainda jovem. Agradece ao clube, mas, quanto a um regresso, só o vê como possível caso haja uma mudança de mentalidade e objetivos. Porque gostaria de estar numa equipa portuguesa para, por exemplo, lutar por um título europeu.
“O Benfica é um bocadinho a minha casa, foram nove anos, foi lá que cresci, com a minha mãe a jogar e o meu pai treinador. Mas diz-se que não é bom voltar onde se foi muito feliz. Tenho muito carinho pelo tempo que passei lá e não sei se quereria voltar numa altura em que a minha cabeça estaria mais concentrada em outras coisas do que propriamente no meu trabalho. Se por acaso o Benfica quisesse investir mais do voleibol, criar uma equipa ainda mais competitiva, que pudesse lutar por chegar longe nas competições europeias mais altas… claro que estaria interessado. Aí mudaria, se calhar, um bocadinho a perspetiva. Ganhar um título europeu, que nunca foi ganho pelo Benfica, seria uma ideia muito aliciante para mim”, afirma o distribuidor, que no futuro quer ajudar Portugal a elevar o nível.
“Essa possibilidade vai também ao encontro do que eu gostaria de fazer a seguir à carreira: tentar contribuir para a evolução do voleibol em Portugal. Acabei por sair para o estrangeiro com a ideia de ser melhor, para puder ajudar depois a Seleção Nacional a também ser melhor. Se eu for melhor, se evoluir durante estas épocas no estrangeiro, nas quais temos sete ou oito meses a jogar a alto nível, depois torna-se mais fácil, para mim, estar na Seleção e continuar a jogar nesse nível que é exigido”, explica.
“O crescimento da Seleção Nacional poderia potenciar o voleibol em Portugal”, diz Miguel Tavares sobre uma das vias de evolução. “Este verão vamos estar no Campeonato do Mundo. Claro que não somos favoritos, é preciso ter consciência das realidades de outras seleções e da nossa. É a primeira vez que Portugal vai estar num Mundial em 23 anos. Se calhar, era preciso começar a ter presenças assíduas no Mundial, no Europeu e, espero eu, para mais tarde se conseguir um resultado significativo numa dessas competições”, completa o distribuir da equipa nacional.
Ainda sem pensar muito no final de carreira, Miguel Tavares surpreende-se a si próprio quando fala do futuro. “Gostaria de ajudar os jovens a perceber como é possível fazer uma carreira profissional, ensiná-los em termos técnicos e na parte mental. Não sei bem o que irei fazer, mas estou a descrever o que é ser treinador...”, diz, terminando a rir-se.