Miguel Oliveira faleceu esta terça-feira, aos 83 anos, e fica na história como o visionário que criou a ganhadora Diabolique Motorsports, na década de 1980
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Em 1978, Miguel Oliveira caminhava para os 40 anos, tinha um interessante pé de meia e, ao fundar a Diabolique, deu asas ao incrível fascínio pelo mundo dos ralis. A marca, nascida da criação de um perfume, está associada àquela que se tornou na primeira escuderia de alto quilate no campeonato nacional de ralis.
O "Doutor", como era carinhosamente tratado, faleceu ontem, aos 83 anos, na Foz do Douro, ao cabo de várias operações à coluna, deixando um legado capaz de atrair uma qualquer série documental agora na moda. Imagine-se o que seria hoje um Porsche 911 no Rali de França aparecer decorado com pedaços de cobertor azul e cinzento fabricado por uma têxtil de Pevidém. O dom de visionário levou-o a formar a Diabolique, num armazém em Lordelo do Ouro, contratando Joaquim Santos, ainda hoje o piloto com o maior número de vitórias (39), e o galego Rafael Cid.
Há um antes e um depois do "Doutor", numa das modalidades mais populares no país: os ralis. O economista e empresário de produtos químicos fabricou um perfume que acelerou o coração dos fãs.
Em 1986, no auge competitivo da equipa portuense, um Ford RS 200 era uma das maiores atrações do Rali de Portugal. Na especial da Lagoa Azul (Sintra), a dupla Santos/Oliveira despistou-se numa curva e o carro enfiou-se entre dezenas de pessoas, matando três e ferindo dez. Uma traição que levou a que o amor de Miguel Oliveira pela velocidade deixasse de ter a mesma chama.
A despedida da Diabolique Motorsports aconteceu no Rali do Alto Tâmega, em 1990, em plena Guerra do Golfo que levaria a Ford (norte-americana) e a Castrol (inglesa) a desinvestir. Na bela memória que preserva, conta-se o relançamento do campeonato de Fórmula Ford e a campanha de deteção de talentos, "Onde está o ás?", em meados da década de 1980, uma oportunidade vivida por milhares de sonhadores e que deu a conhecer alguns ases como Pedro Matos Chaves, Pedro Lamy ou João Barbosa.
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