Português anda ao nível de Pol Espargaró, o mais experimentado dos quatro pilotos da KTM, e desespera a estrela da equipa, Johann Zarco, que admite não ter o mesmo ritmo
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"Foi apenas a sua segunda corrida de MotoGP e acho que fez o trabalho de um piloto muito experimentado. Quero agradecer-lhe e dar-lhe os parabéns", disse Hervé Poncharal sobre Miguel Oliveira, no final do Grande Prémio da Argentina, que o português terminou no 11.º lugar. O patrão da Tech3, conhecendo as limitações da KTM, ainda a mais lenta das seis motos do campeonato, viu os dados da prova e concluiu que "o Miguel fez um trabalho incrível".
A verdade é que, em apenas duas corridas, Oliveira já exibiu todas as qualidades de um piloto de topo mundial. No Catar, onde correu com um pneu traseiro de mistura macia, impressionou ao partir de último e ganhar oito lugares na primeira volta, recuperando até 13.º até ser obrigado a baixar o ritmo, por ter o pneu desgastado; terminou em 17.º. Na Argentina, e com um pneu médio atrás, impressionou pela regularidade, fazendo 16 voltas seguidas com tempos dentro de 1m40s, o mesmo ritmo de Pol Espargaró, do qual se aproximou já na segunda metade da prova.
"Ele é um forte ativo para a estrutura da KTM e estamos felizes por ver que ele e o Pol puxaram um pelo outro até final", comentou Poncharal.
Os elogios não são um acaso. O piloto espanhol de 27 anos vai na sexta época de MotoGP - já fez 88 corridas - e na terceira ao serviço da KTM. Uma experiência que marca a diferença para o francês Johann Zarco, considerado o grande reforço da marca austríaca, pois foi bicampeão de Moto2 e em 38 corridas de MotoGP subiu seis vezes ao pódio. Verificar que Oliveira foi mais rápido do que a estrela francesa em 21 das 25 voltas é uma surpresa.
"Ao fim de cinco voltas, parecia estar melhor do que o Espargaró e o Oliveira, mas depois eles imprimiram um ritmo que não consegui acompanhar. Chego a duvidar das minhas capacidades", desabafou Zarco.
Mas as comparações que favorecem o português não se ficam pelos pilotos da KTM, também se estendem ao quarteto dos estreantes em MotoGP.
Se Joan Mir foi oitavo no Catar, onde andou em terceiro até à nona volta, o espanhol da Suzuki desistiu cedo na Argentina, pelo que os rookies mais impressionantes até ao momento são Oliveira, o mais forte dos novatos em comparativos dentro da mesmo moto, e Fabio Quartararo, que estando na segunda equipa da Yamaha recuperou de último até 16.º na primeira corrida e foi oitavo na segunda.
Francesco Bagnaia, campeão de Moto2, é uma desilusão na Ducati, pois leva uma desistência e um 14.º lugar, estando longe do andamento do colega, Jack Miller.