Jogador de andebol do FC Porto falou em exclusivo a O JOGO, abordando o que já passou, o presente e também, até porque só tem 22 anos, o futuro, revelando que gostaria de jogar no Barcelona e PSG
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Miguel Martins está a iniciar a oitava época no FC Porto, o clube de que é assumidamente adepto.
Como é representar o clube de que se é adepto?
-Sou do Porto e portista ferrenho. Com 15 anos vim para o FC Porto e integrei o plantel sénior. Acompanhava os jogos na RTP 2 e sempre soube que o FC Porto era a melhor equipa em Portugal e era lá que tinha todos os meus ídolos. Lembro-me de o Gilberto Duarte e o Wilson Davyes serem as minhas referências. Integrei o plantel sénior e consegui descobrir todo este processo grandioso de vitórias. O FC Porto é um clube vencedor, sinto-me muito orgulhoso por estar no meu clube de coração e pretendo continuar a ajudar a dar cada vez mais títulos aos adeptos.
Quando chegou, com 15 anos, dificilmente sonharia com o que está a acontecer, ou não?
-Eu tive sorte. Quando tinha 15 anos jogava no ISMAI, antes de vir para o FC Porto. Na altura o ISMAI tinha vários jogadores emprestados pelo FC Porto e eu, que era juvenil, acabei por jogar bastante tempo. O selecionador de sub-19, o professor Paulo Fidalgo, gostou muito de me ver na fase final de juniores, tinha eu 14 anos, e levou-me à seleção. O meu companheiro de posição era o Nuno Carvalhais, que na altura estava aqui no FC Porto e acabei por vir para a equipa B.
No FC Porto também teve sorte?
-Tive. O professor Obradovic gostou do meu trabalho e isso foi muito bom para o meu processo de aprendizagem. Tive sorte em ter o professor Obradovic, porque é preciso ter alguém que aposte nos mais jovens à frente de um clube de topo.
Quando recebeu o convite do FC Porto, foi uma surpresa?
-Já tinha tido o convite do FC Porto quando fui para o ISMAI, mas na altura achei por bem ir para o ISMAI, porque me abria outras portas que o Águas Santas, que era o meu clube, não abria, como jogar no escalão acima, por exemplo, e até jogar muito tempo. Mais tarde, manteve-se o contacto do FC Porto e no desporto é tudo uma questão de "timing". Aproveitei a altura certa para vir, tendo vindo mais experiente, com outra "rodagem". Se tivesse vindo mais cedo, se calhar não estaria apto a aproveitar as oportunidades.
Quando jogou a Liga dos Campeões, com apenas 16 anos e 12 dias, Obradovic teve uma frase que em que dizia que o "Miguel Martins tem o movimento dos andebolistas, passa rápido, tem a coragem de rematar à baliza, marca bons golos e defende". Essa frase marcou-o?
-Claro que sim. Repare que, quando vim, o FC Porto já levava cinco campeonatos consecutivos, ou seja, Obradovic é um ícone, marcou o andebol do FC Porto de forma grandiosa e ouvir essas palavras de um homem assim é sempre muito bom. Aliás, insisto que foi muito benéfico para mim vir nessa altura para aqui. O professor Obradovic apostava muito nos mais jovens e, se ele não tivesse apostado em mim, se calhar não estaria aqui hoje. Trabalhar com Obradovic foi um ponto-chave no meu crescimento.
De lá para cá, tem sido sempre a melhorar. Está de acordo?
-Sim, tem sido, com todos os treinadores, cada um à sua maneira, a marcarem-me. O Ricardo Costa, com um andebol um pouco diferente, mas que também teve as suas valias e que me melhoraram enquanto jogador. Mais tarde, com o Magnus [Andersson] dá-se outro ponto-chave na minha carreira, em que me tornei um jogador mais seguro, trouxe outras ideias, ele tem umas ideias um pouco diferentes e penso que foi isso que fez com que atingíssemos o nível em que estamos agora em termos europeus, porque, se há algum tempo perguntassem se o FC Porto ia estar na alta roda como está agora, creio que toda gente diria que não.
O que mudou com o Magnus Andersson para este salto qualitativo?
-Acima de tudo, a tranquilidade. A forma serena como ele nos passa as coisas de fora para dentro do campo. Com ele, quem está a jogar está sempre tranquilo e confiante de que o que está a fazer vai resultar. E tenho também de falar do nosso 7x6, uma variante que tem mostrado a nossa qualidade e julgo poder dizer que somos a melhor equipa do mundo a jogar 7x6. Nunca vi outra equipa a jogar 7x6 como nós e isso depois até passou para a seleção.
"No FC Porto, o céu é o limite"
"No FC Porto os objetivos são sempre os mesmos: ganhar todos os jogos e todas as competições. Só pensando grande, podemos bater-nos com os melhores", referiu Miguel Martins, continuando: "Em resumo, queremos vencer o campeonato, a Taça, a Supertaça não haverá, e na Liga dos Campeões talvez atingir uma final-four. Para o FC Porto, o céu é o limite. Depois do ano passado, só temos de continuar neste mesmo caminho de êxito."