Numa tradição que se iniciou em 2013, quando Matosinhos ganhou a candidatura a receber o Euro de sub-16, divisão B, esta é a décima vez que a cidade costeira recebe jovens basquetebolistas
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Mal se entra, uma bandeira de Portugal gigantesca, com 28 por 15 metros - as medidas de um campo de basquetebol -, recebe a reportagem de O JOGO, num recinto onde se sente a modalidade como nenhum outro. “Adoro jogar aqui, é um ambiente incrível”, diz-nos a poste Clara Silva.
Estava a decorrer o treino da Croácia, ao qual se seguiu o de Portugal. As duas equipas prepararam-se para o jogo que as vai opor esta noite, às 20h30, e dá acesso aos quartos de final do Campeonato da Europa do escalão. Esta será a décima vez que o basquetebol jovem assenta em Matosinhos, numa tradição principiada em 2013 e que, desde logo, teve uma estrondosa adesão do público.
De lá para cá, só a covid-19 atrapalhou, mas nem assim os eventos pararam. “Nesses anos, 2020 e 2021, fizeram-se três bolhas, duas para a seleção sénior e outra para um Challenger, um Campeonato da Europa sub-16 reduzido, com seis equipas, esta em Guifões”, conta Cátia Mota, gestora do evento.
“Quando, em 2013, na altura eu era treinador adjunto e ficámos em segundo lugar, se realizou aqui o primeiro Campeonato da Europa de sub-16, divisão B, o público aderiu, foi um sucesso. Digamos, a FIBA foi surpreendida. Depois, em 2015, eu já era treinador principal, na divisão A, fomos vice-campeões da Europa e aí o pavilhão não chegou. Ficou gente lá fora, uma hora e tal antes de começar tiveram de fechar as portas”, recorda Agostinho Pinto, o técnico que está de novo ao comando desta seleção de sub-18, para quem “Matosinhos é mesmo a casa do basquetebol jovem português”.
Sobre o jogo desta noite e o desenrolar da prova, Agostinho fala “numa competição ingrata”, dizendo que “se Portugal ganhar tudo pode acontecer, inclusive chegar à final, mas se perder acabam-se as esperanças”. O técnico de 59 anos, natural de Ermesinde e que também trabalha no clube da terra, o CPN, lembra que “há dois anos, em sub-16, com esta mesma geração de atletas, a Croácia foi medalha de bronze”, tendo derrotado Portugal. “Acredito que podemos ganhar, mas sei que vai ser muito complicado. O apoio do público pode ser decisivo, aliás, já com a Sérvia estivemos a perder 37 minutos e foi o público que ganhou o jogo”, finaliza.
Clara Silva. Fixem este nome. Filha de ex-jogadores e irmã de Hugo Silva, da equipa de sub-23 do Benfica, é a mais alta do Europeu, com 1,98m, a melhor pontuadora, com 61 em três jogos, esteve cinco épocas no Unicaja, de Espanha, ou seja, desde os 13 anos, e vai jogar na universidade de Kentucky. “Vai ser uma mudança grande. O maior receio são as saudades da família, porque para Espanha os meus pais foram comigo”, conta. “Quero ser profissional de basquetebol”, diz ainda Clara, que tem Kevin Durant como referência.