Manteve a amarela no Tour e revela segredo: houve trabalho até à meia-noite
"É incrível, não pensei que fosse possível", afirmou Mathieu van der Poel.
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Mathieu van der Poel viveu esta quarta-feira "uma das mais bonitas jornadas numa bicicleta", depois de ter trabalhado até à meia-noite para hoje fazer o contrarrelógio da sua vida e defender a amarela na quinta etapa da Volta a França.
"É incrível, não pensei que fosse possível, mas os mecânicos trabalharam na bicicleta de contrarrelógio até à meia-noite para tentarem ajudar-me a ser mais aerodinâmico", reconheceu.
O holandês, de 26 anos, detalhou que, além de ter trabalhado a posição na bicicleta, os elementos da Alpecin-Fenix mudaram o guiador, o capacete e, claro, as rodas, compradas ao ciclista da INEOS Cameron Wurf e que viajaram 900 quilómetros desde Andorra para serem usadas no "crono" de hoje.
"Surpreendi-me a mim mesmo com o contrarrelógio, mas esta manhã, quando fiz o reconhecimento, senti que podia ter um grande dia. Sabia que tinha os watts e que era só uma questão de posição [na bicicleta]. Precisava de ter boas pernas, mas também houve muito apoio na berma da estrada. O percurso assentava-me bem, posso estar orgulhoso", resumiu o quinto classificado da etapa, a 31 segundos do vencedor, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates).
De amarela vestida, o neto do lendário Raymond Poulidor foi tão incentivado pelos adeptos que seguiram o contrarrelógio na estrada que sentiu ter vivido "uma das mais bonitas jornadas" da sua carreira numa bicicleta.
A sua performance no crono permitiu-lhe salvar a amarela do assalto de Pogacar, a quem saudou no final da quinta etapa: "Gosto muito dele. É impressionante o que fez hoje, merece que o felicitemos por isso".
A exibição de força do campeão em título, segundo da geral a oito segundos da amarela, distanciou todos os rivais, mas Richard Carapaz (INEOS) e Enric Mas (Movistar) mostraram-se otimistas apesar do tempo perdido.
"Falta muito Tour e estou convencido que continuo na luta. Não foi uma surpresa o meu resultado, mas a corrida continua em aberto. Temos uma equipa forte e isso conta muito para os dias que faltam", analisou Carapaz, após ter perdido 01.44 minutos para Pogacar e ter descido do terceiro para o nono lugar da geral.
Também Mas, que cedeu 01.49 minutos para o esloveno da UAE Emirates, desvalorizou o tempo perdido.
"É verdade que o Tadej se adiantou um pouco na geral, mas os restantes [candidatos] estamos separados por 30 segundos. Estou bem, em três dias chegam os Alpes, estou motivado e as sensações foram boas", disse o espanhol, que é 14.º, a 01.58 minutos da amarela.
Desiludido estava o belga Wout van Aert, o "inimigo" número um de Van der Poel, que assumiu "uma grande deceção" com o contrarrelógio de hoje, no qual foi quarto, gastando menos um segundo do que o camisola amarela.
"Dei tudo, mas não tinha as pernas que esperava. Penso que não cometi erros. Tinha em mente a vitória na etapa e a camisola amarela, é uma pena ter falhado esses objetivos", lamentou o ciclista da Jumbo-Visma, que é terceiro da geral, atrás de "MVDP" e Pogacar.