José Feijão fez história e conduziu os açorianos Liga Placard, marco que assinala o regresso de um clube insular à principal divisão do futsal português, após um hiato de 12 anos
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O Lusitânia dos Açores escreveu uma página dourada na sua história e celebrou uma subida inédita à Liga Placard. Este marco assinala o regresso de um clube insular à principal divisão do futsal português, após um hiato de 12 anos. A equipa açoriana, que terminou no segundo lugar na fase de campeão da II Divisão, surpreendeu a concorrência “É uma sensação muito boa. Para ser sincero, nunca tivemos como objetivo subir de divisão; nem sequer pensámos nisso. O nosso objetivo era manter-nos na II Divisão e equilibrar o clube”, confessa José Feijão, treinador do Lusitânia e figura central deste feito épico.
O experiente técnico, de 60 anos, revela a O JOGO que a equipa começou a acreditar na subida durante a transição da primeira para a segunda fase do campeonato. A chegada de novos jogadores e uma série de vitórias impulsionaram a confiança do grupo. “Senti que mudámos o chip. Percebemos que podíamos almejar mais e mudámos a nossa mentalidade”, admite José, que destaca a importância de entender a personalidade de cada jogador para formar um grupo coeso e forte. “A chave do sucesso foi perceber as necessidades de cada jogador. Estamos a lidar com seres humanos, não com máquinas. Fomos avançando e, de repente, estávamos a um passo de subir...”
Para uma Liga Placard que é altamente competitiva, José Feijão admite que a localização nos Açores representa uma dificuldade adicional. “Quase todas as equipas que sobem descem no ano seguinte. Vamos ter muitas dificuldades em atrair jogadores, devido à nossa localização. É a realidade”, pondera. Apesar das adversidades, o treinador assume que o objetivo do Lusitânia é claro: estabilizar no escalão principal. “Queremos ficar entre os grandes algum tempo. É uma competição muito forte, uma das melhores do mundo, e cada vez será mais competitiva, mas vamos dar tudo para fazer o bonito. Peço aos adeptos e simpatizantes do Lusitânia que nos ajudem muito”, conclui Feijão.
Foi do pesadelo ao sonho
A temporada de José Feijão começou com um revés inesperado, quando o Monfortense, clube alentejano que inicialmente o havia contratado, desistiu da competição. No entanto, o destino reservava-lhe um capítulo diferente. Ao assinar pelo Lusitânia, Feijão transformou um pesadelo num conto de fadas. “Nem nos melhores sonhos imaginei isto. Já tinha tudo encaminhado, jogadores e equipa técnica, e depois foi tudo por água abaixo. Comecei a época com uma desilusão muito grande”, relata o técnico.
Todavia, no meio desse turbilhão, surgiu o convite do Lusitânia. Apesar dos obstáculos, Feijão aceitou de cabeça erguida. “A minha família não reagiu muito bem, mas depois compreenderam. Desafio gigante foi chegar ao clube e não conhecer o plantel. Eram jogadores novos e, além disso, começámos a época a duas semanas do início da competição. Muitas vezes treinávamos apenas com um guarda-redes. Mas, olho para trás e posso dizer que esta foi a subida que me deu mais prazer”, remata o lisboeta, que conta já com sete subidas de divisão no currículo enquanto treinador de futsal.