Liga MEO Surf em balanço: "Os últimos dois anos foram um teste à maturidade do projeto"
Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), fez um balanço da época, encerrada com a atribuição dos Portugal Surf Awards
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Tal como em 2020, a ANS teve de superar desafios relacionados com a pandemia, mas levou a cabo as tradicionais cinco etapas, coroando Vasco Ribeiro e Kika Veselko como campeões nacionais. O sucesso de mais um ano orgulha o responsável Francisco Rodrigues.
Que balanço faz deste ano, agora que os Portugal Surf Awards encerraram a época?
O balanço é muito positivo. Acima de tudo, terminámos um ciclo de dois anos muito complicado. Não haverá muitas organizações, no surf ou no desporto em geral, que não tiveram de cancelar nada em dois anos de pandemia. Em dois anos, fizemos as tradicionais cinco etapas, não reduzimos premiação aos surfistas, dias de competição, participantes... Estamos muito contentes e os patrocinadores e municípios que se mantiveram ao nosso lado nestes dois anos também passam essa mensagem.
Mas este ano, em termos de segurança sanitária, terá sido mais fácil colocar o campeonato em andamento do que em 2020?
Em 2020, nós fizemos o primeiro campeonato de surf no mundo inteiro. Só isso acarretou uma realidade desconhecida de todos. Estruturar tudo do nada é sempre mais complicado, mas, este ano, nós fizemos duas etapas em Estado de Emergência. Há aqui um grande pragmatismo, em primeira instância, dos municípios e das capitanias que concederam alicerces para que isto fosse possível. O acompanhamento das autoridades de saúde e da Federação Portuguesa de Surf também foi muito importante no processo. Mas o aspeto mais positivo de todos é: em dois anos, fizemos 10 provas de surf sem por cento seguras, com zero incidências e a cumprir as medidas sanitárias para mostrar que o surf é um desporto seguro dentro de água, mas também fora. Passa a ser factual.
Em termos competitivos, o que achou?
É muito salutar para o surf português ver a Francisca Veselko sagrar-se campeã nacional da Liga MEO Surf, mas também no escalão júnior. Isto mostra a qualidade do surf feminino, que tem vindo a aumentar. Se nós já vemos um bom grupo de surfistas portuguesas a posicionarem-se cada vez melhor nos rankings internacionais, ver uma júnior vir de trás e ganhar a Liga MEO quer dizer que o surf português feminino está cada vez mais e melhor servido. No masculino, o Vasco Ribeiro é um surfista muito experiente, luta pelo acesso à elite do circuito mundial. O facto de ser pentacampeão é o melhor indicador da sua experiência. Traz-lhe uma vantagem teórica, mas que nem sempre se verifica, porque há outros surfistas a tirarem resultados como o Afonso Antunes, que foi vice-campeão em idade júnior. Com certeza vai dar trabalho nos próximos anos.
Nos próximos anos, o que há a melhorar ou fazer diferente?
Os últimos dois anos foram um teste muito importante para a maturidade do projeto. Tivemos algumas peças do projeto que tiveram de recuar. Penso que aquilo que sofreu mais foi a agenda lateral que nós vínhamos a fazer ligada à sustentabilidade. É algo que queremos voltar a trazer para cima da mesa. A seguir, é esperar que aquilo que aconteceu no feminino também possa acontecer também nos homens.
Em termos de etapas, pretendem manter o número? Vão ajustar-se ao novo formato do calendário internacional?
Em 2020 e 2021, o calendário foi altamente deturpado. Não era nada disto que costumávamos fazer. Tipicamente, começamos em março e acabamos em outubro. Espalhamos as cinco etapas ao longo destes meses e atendemos às prioridades de agenda dos surfistas internacionais, procurando posicionar as etapas nos intervalos. Isto tem sido conseguido ao longo dos anos e vai continuar. O número de etapas vai-se manter, representam o patamar mínimo para ter verdade desportiva e não sobrecarregam os surfistas, os que competem mais a nível internacional e os mais jovens que fazem os circuitos das idades deles.