Neerlandês foi o primeiro com quatro ouros num Mundial, já leva 20 e dizem ser o Pogacar do velódromo
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Harrie Lavreysen deixou Santiago do Chile, na noite de domingo, com as medalhas de ouro de sprint, keirin, quilómetro e sprint por equipas, um feito nunca visto no Mundial de pista. Em fevereiro, saíra do Europeu com dois ouros e a prata por equipas, na única corrida do ano que não ganhou. Aos 28 anos, o monstro de Luyksgestel, pequena localidade dos Países Baixos, só não pode dizer que fez a melhor época de sempre porque há um ano, com três títulos olímpicos, colocou nove ouros no pescoço largo de uma imensa máquina de músculos a quem chamam "A Besta" ou "Holandês voador".
O Mundial chileno, de onde Portugal saiu com o bronze de Iúri Leitão no scratch, consagrou de vez Lavreysen como o melhor ciclista de pista da história, ao totalizar cinco títulos olímpicos (e um bronze), 20 mundiais (e três pratas) e 14 europeus (mais duas pratas e dois bronzes), dominando os sprints desde 2019. Para alguns esse estatuto ainda será do britânico Chris Hoy, que foi seis vezes campeão olímpico, mas em três edições - o neerlandês conta duas -, tendo 11 títulos mundiais.Mais possante, ao ter 1,81 metros e 92 quilos, Lavreysen faz agachamentos com 270 quilos e atinge as 260 rotações por minuto quando aquece nos rolos. "É fantástico entrar na pista sabendo que consegues bater toda a gente. É isso que me dá mais prazer", confessa, admitindo que "ter quatro ouros num Mundial é um sonho".
Demasiado pesado para ser ciclista de estrada, o sprinter mais laureado de sempre só chegou à pista aos 18 anos, vindo do BMX - que deixou após quatro operações aos joelhos, a impedirem-no igualmente de fazer carreira na ginástica artística -, e nunca terá a fama de quem ganha uma Volta a França. "Harrie é o melhor, é o Pogacar do ciclismo de pista. É tão superior que ninguém chega perto", diz dele Theo Bos, já cinco vezes campeão mundial, num elogio que não serve de muito. Lavreysen nem sequer está nomeado para o Vélo d"Or, o prestigiado prémio da revista francesa a que concorre João Almeida, embora se espere que Tadej Pogacar vá bisar.
Só a menor importância dada aos corredores de pista deixa o sprinter de 28 anos fora das escolhas para melhor do ano. Com seis títulos em sete corridas, Harrie Lavreysen foi mais dominador do que Pogacar.

