Jovem central norte-coreano foi o primeiro do seu país a jogar e a marcar na maior competição de andebol, levando ao rubro as emoções de uma equipa que tem 16 + 4 jogadores.
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Kyong-Song Ri joga a central, tem 21 anos, mede 1,78 metros e entrou para a história quando marcou, em Berlim, um golo à Alemanha. Faltavam dez minutos para o final, os germânicos venciam por 27-14 (e fecharam nos 30-19), mas o jovem, minutos depois de ter sido o primeiro jogador da Coreia do Norte a alinhar num Mundial, era também o primeiro a marcar um golo. Pela inédita Coreia Unificada.
O jogo inaugural do Campeonato do Mundo de andebol teve muito de histórico, embora se soubesse de antemão que os alemães iriam ganhar. Depois de os Jogos Olímpicos de Inverno terem ficado marcados, há um ano, pela presença de uma equipa feminina de hóquei no gelo com jogadoras das duas Coreias, o andebol assiste ao segundo passo, no desporto, de aproximação entre os dois países que estiveram em guerra desde 1950 e agora procuram transformar-se de novo num só.
A equipa da Coreia Unificada, apoiada em Berlim por 250 adeptos invulgarmente calorosos, fez sensação desde o dia da sua chegada e levou até a mudanças nos regulamentos: como foram acrescentados quatro jogadores da Coreia do Norte à seleção que já estava formada pelo Sul, foram autorizados a alinhar com... 16 + 4 jogadores.
Os jogos de preparação feitos na Alemanha tinham dado a adivinhar o que seria a estreia. Muitas emoções e gritos, em especial com a entrada em campo dos norte-coreanos, que o selecionador Young-Shin Cho só começou a conhecer já em Berlim. Na bancada, Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, e Franz-Walter Steinmeier, chefe de Estado alemão, provavam a solenidade do momento. Se a Coreia do Sul já estivera em 11 Mundiais de andebol, para norte-coreanos era a estreia absoluta.
Prometendo colocar pelo menos um dos quatro em campo em todos os jogos, na estreia frente à Alemanha até utilizou dois. Song-Jin Ri jogou sete minutos e meio, sem ações significativas, mas Kyong-Song Ri, o mais dotado, esteve quase 20 minutos em campo, falhou um remate aos seis metros, mas depois acertou da meia-distância.
A Coreia unificada perdeu - por sinal dando mais luta do que o esperado -, mas fez história, justificando as palavras do seu técnico: "Depois da queda do muro, Berlim transformou-se num símbolo da paz. Queremos mostrar, como equipa unificada, que estamos à altura desse símbolo".
