Kitó Ferreira: Al Nassr, o futsal do Médio Oriente e os juniores de Ferraris e Porsches no Kuwait
Novo treinador do futsal dos sauditas vê investimento forte. Prova disso é a contratação de Pany Varela
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O contingente português na Arábia Saudita continua a crescer, nomeadamente na equipa de futsal do Al Nassr, onde depois da oficialização do internacional português Pany Varela foi anunciada a contratação do treinador Kitó Ferreira. Longe dos holofotes do futsal português desde 2021, o técnico de 55 anos esteve na última temporada no Al-Arabi, do Kuwait.
Kitó Ferreira diz que o plantel ainda não está fechado, não esconde a ambição de ser campeão na primeira época e frisa que o jogador árabe tem “características únicas e muito interessantes”.
O projeto é ambicioso e virado para a conquista de títulos a curto prazo. “O Al Nassr é recente na modalidade e nunca ganhou qualquer troféu, mas o nosso objetivo é claro, é trabalhar diariamente para sermos campeões”, expôs o técnico leiriense, revelando que o plantel está aberto a mexidas e que os responsáveis árabes estão no mercado à procura de soluções. “O plantel será composto por 13/14 jogadores que transitam da época passada, dois jogadores locais contratados a clubes adversários na Arábia Saudita e, obviamente, o nosso Pany. A equipa ainda não está fechada, pois ainda estamos à procura de mais um jogador estrangeiro com características específicas para as necessidades do nosso plantel, estando já vários nomes em cima da mesa”, revelou a O JOGO.
“O Al Nassr nunca ganhou qualquer troféu, mas o nosso objetivo é claro, trabalhar diariamente para sermos campeões”
Já com quatro anos de experiência no futsal do Médio Oriente, o antigo treinador do Eléctrico considera que “o primeiro erro de quem vem trabalhar pela primeira vez nestas ligas é pensar que são provas fáceis, o que por vezes faz com que não se consigam adaptar”, evidenciando que os jogadores árabes têm “características únicas e muito interessantes” que bem trabalhadas podem transformá-los em “jogadores de elite no futsal”.
Voltar esta época ao futsal nacional foi uma hipótese, já que, contou a O JOGO, teve propostas para treinar em Portugal, mas normalmente deixa tudo nas mãos do seu representante e entretanto surgiu o convite do gigante da Arábia Saudita: “Sei que este verão foi intenso nesse sentido, mas esses assuntos deixo-os para o meu agente, pois o que quero é treinar e trabalhar onde seja respeitado e valorizado, e por consequência onde seja feliz a fazer o que mais gosto. O futsal é mundial.”
As condições financeiras terão pesado, obviamente, na escolha, mas Kitó Ferreira foi parco em palavras relativamente ao assunto. “Nesta evolução económica na modalidade devemos realçar o papel muito importante que o mundo árabe tem desempenhado, apesar que ainda estarmos longe da modalidade ser reconhecida e valorizada economicamente de modo certo e justo, como acontece na Europa”, resumiu o treinador sobre a realidade do futsal no Médio Oriente, onde chegou a ver jogadores juniores dos clubes que treinou no Kuwait a chegarem aos treinos ao volante de Ferraris e de Porsches.
Deseja deixar marca na Arábia
O treinador, de 55 anos, fala de Portugal com saudade, mas quer trabalhar onde se sente reconhecido. “Portugal é o meu país, o futsal português é o meu futsal, ponto. Neste momento quero, se possível, deixar as marcas Kitó e Portugal vincadas com seriedade e competência, o resto só Deus sabe. Cada vez mais, as experiências e vivências acumuladas ao longo do tempo vão-me dando maturidade suficiente para estar focado no meu dia a dia e não pensar no que vai acontecer no amanhã”, expressou.