ENTREVISTA, PARTE I - O (novamente) melhor selecionador do mundo está em Chaves a cumprir a quarentena e tem o planeamento da prova "parado". Reagendá-la daria tempo para preparação "mais tranquila"
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Jorge Braz foi o único português distinguido nos prémios atribuídos pela Futsal Planet, mas disse que trocaria a distinção por algo que acabasse com a pandemia. Portugal quer "ficar até ao fim" do Mundial da Lituânia e "trazer uma medalha".
Em fevereiro do ano passado, quando O JOGO o entrevistou, por altura do primeiro aniversário da conquista do Europeu, perguntei-lhe como estava o melhor selecionador do mundo. E agora perguntolhe: como está o novamente melhor selecionador do mundo?
-[risos] Neste momento, o melhor selecionador do mundo trocava este reconhecimento pelo fim da pandemia, pela vacina ou por algo que resolvesse esta situação complicada que estamos a viver. Claro que é um orgulho enorme voltar a ser reconhecido, não eu, individualmente, pois nunca atribuo importância exagerada a este tipo de reconhecimento, mas é um indicador de que temos feito algumas coisas bem pelo futsal português.
Como é que tem sido o trabalho do selecionador nacional de futsal em tempos de quarentena?
-Tem sido de muita leitura e muita reunião via internet com a equipa técnica nacional. Esta quarentena permite-nos rever jogos com mais calma e, depois, o mais importante de tudo é estar com a família, já que passamos tanto tempo fora de casa durante o ano. É o lado positivo neste momento tão negativo.
Mora em Braga. A cidade tem respeitado a reclusão social?
-De momento não estou em Braga. Vim para Chaves, que é uma cidade mais tranquila, e estou sem sair de casa há uma série de dias. Sei que Braga tem tido algumas situações mais complicadas, mas é muito importante cumprirmos as indicações e ficarmos em casa, que isto há de passar.
O adiamento do Mundial, com início marcado para 12 de setembro, na Lituânia, é uma hipótese que tem sido falada quase em surdina. O que pensa sobre o assunto?
-A incerteza é muito grande e neste momento há um problema bem maior. Porém, preparar o Mundial pressupõe enorme rigor e cuidado. Se dissermos que até setembro temos tempo para decidir, eu respondo que em agosto temos de começar a preparação e que está na altura de tomarmos decisões. O planeamento está parado e, na minha opinião, o mais sensato seria adiar para haver um espaço temporal maior e mais tranquilo destinado à preparação.
Fernando Santos diz que Portugal é candidato a vencer o Europeu de futebol, mas que não é favorito. Esta posição também se pode adaptar ao futsal?
-É muito por aí... o Mundial é uma competição mais longa que o Europeu e nós teremos uma palavra a dizer. Favoritos? Os do costume... a campeã Argentina, Brasil, Irão, Rússia, Espanha e mais alguns que poderão incomodar.
Portugal deu uma demonstração de superioridade quando foi obrigado a ganhar à Itália para se qualificar para a Lituânia. É difícil bater aquele Portugal que dominou os italianos?
-É difícil perdermos um jogo se formos esse Portugal que referiu. No entanto, o Mundial tem um nível superior ao Europeu. Queremos ir à Lituânia para ficarmos lá até ao fim, tal como fizemos na Colômbia há quatro anos (quarto lugar), mas desta vez queremos fazer mais e melhor, ou seja, uma medalha.
Dançou após ter carimbado o apuramento; quer prometer alguma coisa caso seja campeão do mundo?
-As coisas surgem de uma forma natural [risos]. Não podemos pôr a carroça à frente dos bois.
"Sporting mostrou ser o melhor da Europa"
Jorge Braz foi o único português distinguido nos prémios da Futsal Planet, mas o selecionador considera que deveriam ter sido atribuídos mais prémios para os lusos. "O Sporting, que foi campeão europeu, mostrou ser a melhor equipa da Europa na época passada à boleia de um trabalho fantástico do Nuno Dias", analisou. Virando a agulha para o feminino, o também coordenador do futsal federativo ambiciona o título europeu. "Fomos vices [em 2019] e queremos ser campeões da Europa", atirou, aludindo à edição do próximo ano.
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