João Sousa vai servir para a 15.ª época e aponta a um regresso "aos 50 melhores mundiais"

João Sousa no Hotel O Conquistador, em Guimarães, do qual é proprietário (Miguel Pereira/Global Imagens)
Miguel Pereira/Global Imagens
Melhor tenista português partiu ontem de Barcelona e chega hoje a Auckland, apostado em começar, na Nova Zelândia, a reconquista de um lugar no top-50 ATP
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João Sousa a servir! Vamos jogar! Dirá, no próximo sábado, do outro lado do globo, o árbitro do primeiro encontro que João Sousa disputará, no arranque da 15.ª temporada no circuito profissional, onde é atualmente o nono mais velho (33 anos), fazendo parte dos 15 com mais semanas no top-100 e presenças em etapas do Grand Slam. No ATP 250 de Auckland, onde só não foi totalmente feliz em 2017 porque perdeu na final, está apontado ao qualifying, em virtude da 82.ª posição de uma hierarquia mundial em que luta por regressar ao top-50, sabendo que corre o risco de sair do top-100 já em fevereiro. Mas já lá vamos...
O Conquistador viajou ontem para a Nova Zelândia, sem a companhia do treinador, e aterra esta quarta-feira em Auckland, já em pleno processo de adaptação à diferença horária.
Antes de voar para a 15.ª época no ATP Tour, não deixa de manter a tradição e contar a O JOGO aquilo que tem preparado. "Apesar de ter acabado a última época com desconforto no ombro direito e nas costas, a pré-época correu dentro das expectativas e, melhor, claro do que as anteriores, por causa da lesão no pé", começou por relatar, mostrando-se "muito contente" com o trabalho feito na BTT, a academia catalã onde treina.
A passagem por Auckland serve de adaptação e primeira avaliação, tendo em vista, a partir do dia 16, o Open da Austrália. Há um ano passou pelo qualifying e foi como lucky loser que cedeu ante o italiano Sinner. Terá 26 pontos a defender, mais os 250 da primeira semana de fevereiro, relativos ao título no Índia Sudoeste Open. Pelo meio, jogará a Taça Davis e a possibilidade de levar Portugal às Finals.
Pressão ou motivação? João Sousa não demorou muito a pensar, atirando: "Motivação! Sem dúvida". Começando por elencar a "importância de disputar um Grand Slam, torneios em que todos querem jogar muito bem e, claro, nos quais a motivação é muito grande", antecipa que a ronda de 4 e 5 de fevereiro, na Maia, frente à República Checa, será "muito difícil". E aproveita para lembrar a "importância do apoio do público, para tornar marcante a eliminatória".
Quanto ao perigo de abandonar o top-100, quando o objetivo para 2023 é reentrar no top-50, João Sousa puxa pela experiência: "Vão cair 250 pontos, mas espero somar alguns até essa data e, se tal não acontecer, voltar a tentar subir no ranking, mantendo bem vivo o objetivo de estar onde quero muito estar, que é nos 50 melhores mundiais".
Challenger na Bélgica é um plano B
Caso as coisas corram muito mal nos dois torneios nos antípodas, João Sousa pode descer ao ATP Challenger Tour, para disputar, entre os dias 23 e 29 - segunda semana do Open da Austrália -, um evento indoor na Bélgica, cujo vencedor soma 125 pontos.
A inscrição está feita, mas até pode ficar mais tempo em Melbourne, se fizer uma boa campanha em pares, nos quais fará dupla com Francisco Cabral.
Frederico Marques só vai hoje para Auckland
A relação Frederico Marques/João Sousa assemelha-se, com a devida distância, à vivida pelo tio Toni e o sobrinho Rafa Nadal. O primeiro grande palco onde o almadense se apresentou como treinador do minhoto foi em Roland Garros"2012, ultrapassando o qualifying para se estrear no quadro principal de um Grand Slam. A amizade foi reforçada, o jogador é padrinho da filha mais velha de quatro filhos do técnico e no terreno vão juntos para a 11.ª longa aventura.
Frederico Marques só pode viajar hoje para Auckland, devido a um atraso no visto, e não esconde a satisfação pelo "desenrolar de uma pré-época da qual o João sai mais forte e muito motivado", na sequência da "forma magnífica como correspondeu ao volume de treino e aos muitos sets que foi disputando".
Tem coração de 27 anos
Frederico Marques foi campeão nacional de sub-16 em 2002, seguiu para a Catalunha atrás de um "el dorado" que não encontrou e, aos 25 anos, tinha nas mãos, na Barcelona Total Ténis, um jogador que ajudou a chegar ao 28.º lugar do ranking ATP, tornando-se ao mesmo tempo no mais jovem treinador de um top-50.
Profundo conhecedor e ávido estudioso, o técnico revelou que João Sousa, no último eletrocardiograma e prova de esforço feitos, "apresentou níveis de grande atleta; apurou-se que em termos de coração e resistência é como se tivesse 27/28 anos".
