João Matos e a exigência do Mundial: "Respondi ao selecionador que estava saturado"
Internacional português desvendou, em entrevista à TVI, os bastidores pessoais da longa estada na Lituânia, que durou quase um mês e que envolveu trabalho mental
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As conquistas não se preenchem apenas de sorrisos e festa. João Matos, um dos 16 heróis da Seleção Nacional sagrada, este mês, campeã mundial de futsal, confessou que se sentiu saturado, ao longo de quase um mês, durante a disputa da competição.
"Estas conquistas têm momentos desagradáveis. (...) Houve um momento em que o Jorge Braz [selecionador] perguntou 'João, estás saturado de aqui estar?' e eu respondi que 'sim'. Custou-me muito estar ali. Por vezes, desviei-me do foco, fui chamado à atenção porque não foi fácil. Para mim e para muitos ", afirmou o jogador, à TVI, justificando o mau estar com a falta de contacto físico com familiares e de tempo livre.
"Para mim, foi muito duro não ter o apoio familiar, uma simples saída até a uma esplanada e não pensar em nada. Esses momentos fazem bem à saúde mental", referiu o futsalista do Sporting, tendo admitido, ainda, que a pressão era tal que "houve momentos em que entrei em pânico" aquando da estada na Lituânia, que se iniciou a 9 de setembro e terminou, da melhor maneira, a 3 de outubro.
Questionado sobre a importância da saúde mental dos atletas em alta competição, João Matos considerou ainda que o tema "é muito tabu" no desporto português, mas não se inibiu de revelar um detalhe demonstrativo do significado atribuído ao mesmo.
"No dia da final [3 de outubro], estive deitado durante mais de uma hora na sala de reuniões em sessão de hipnose com o meu mental coach a preparar-me mentalmente para a final. Faz muita diferença!", detalhou João Matos.
O experiente jogador da seleção indicou, por fim, que "mais dois ou três" colegas adotam, através de sessões feitas com "treinadores mentais", a mesma estratégia para enfrentar os desafios de maior envergadura na carreira desportiva.