João Ferreira levou o FC Porto ao título europeu: "Fiz o jogo da minha vida"
O jovem prodígio que levou o FC Porto à conquista inédita da Taça da Europa de bilhar diz que o conseguiu porque sentiu que lhe pesava sobre os ombros um acerto de contas com a história
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João Ferreira sempre teve o estatuto de menino-prodígio do clube e do bilhar nacional. Agora, ainda muito jovem para este desporto mas já professor universitário, pagou o carinho que sempre recebeu no universo do FC Porto com uma atuação sensacional que carimbou a vitória na prova que os dragões perseguiam há muito anos. Por isso, foi o bilharista portista mais acarinhado por todos aqueles que se encontravam na Academia azul e branca, inclusive pelos três colegas.
Como foi a partida decisiva?
- A situação era tremenda. Foi o jogo da minha vida. Nem nunca houve nada parecido.
O que é que sentiu durante os derradeiros momentos?
- Uma pressão enorme. Por aquilo que o clube representa para mim e pelo que esta competição representa para o clube. É um título que perseguimos há dezenas de anos.
Ao intervalo, o panorama era negro?
- Não estava a correr bem a ninguém, particularmente ao Blomdhal. Senti que tinha de fazer qualquer coisa. Senti que naquele momento eu tinha de me revelar.
Desta vez, o triunfo assentou nos dois portugueses, em si e no Rui Costa?
- Era essa a única maneira de ganharmos esta competição. Passava por nós fazermos a diferença. Há muito tempo que ando a dizer isto ao nosso responsável, o Alípio Jorge. Sei que enfrentamos jogadores de nível mundial. Temos de estar bem acima do que fazemos habitualmente para os superar.
Quando sentiu que o jogo estava ganho?
- Foi no meu jogo, quando dei uma tacada de nove. Acho que aí se abriu a porta para o triunfo.
O FC Porto ganhou, porque foi a melhor equipa e teve a melhor média. Acha que se pode ter aberto um novo ciclo de vitórias na Europa?
- Sem dúvida. Vamos encarar esta competição no futuro de maneira diferente. Já não temos o tabu de perder sempre na final, como aconteceu até agora.
A que se deve este grande momento de forma?
- À muita vontade de querer ganhar isto. Para mim, para lá de tudo o resto, a época resume-se a esta competição. Há muitas outras provas, como o Campeonato Nacional, mas isto é, de longe, o mais importante de toda a temporada.
Um professor universitário que quer ser campeão nacional
João Ferreira atingiu um dos grandes objetivos da carreira, mas reconhece que ainda há outras metas para cruzar a nível individual. "Gostava de ser campeão nacional e de ter bons resultados a nível internacional, mas não sei se isso vai acontecer", assume. As dúvidas do jovem portista prendem-se com o que deseja para um futuro em que o bilhar não é a prioridade: "É muito difícil estar em forma. Estou a dar aulas na faculdade e não tenho tanto tempo para treinar como os principais jogadores." E, no futuro, nem equaciona tornar-se profissional. "Tinha de mudar muita coisa. Será sempre um hobby. Treinarei o mais que puder, sempre que possível, mas a nível profissional teria de o fazer muitas horas, o que não é possível."