Caldense superou Vingegaard no Angliru, feito histórico para um português, e reforçou segundo lugar na Vuelta. Décima vitória da época e 23.ª da carreira foi “especial” para o líder da UAE Emirates, sendo um feito comparável à conquista do Alpe d’Huez por Agostinho, em 1979. Além disso, a “roja” ficou mais perto.
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João Almeida leva a “mais dura do mundo”
“É a subida mais dura do mundo, uma loucura!”, disse João Almeida no alto do Angliru, balizando de forma correta o êxito que acabara de festejar, ao conquistar a 13.ª etapa da Volta a Espanha na frente de Jonas Vingegaard, um camisola vermelha que o seguiu sempre e nunca o conseguiu superar. Para o ciclismo português, e tratando-se da 12.ª etapa ganha na Vuelta e 32.ª numa Grande Volta, foi dos êxitos mais emblemáticos de sempre, comparável ao triunfo de Joaquim Agostinho no Tour de 1979, que lhe valeu uma estátua no Alpe d’Huez. Na geral da corrida, Almeida também provou que poderá igualar o primeiro grande ciclista português da história, que foi segundo na Vuelta de 1974.
A etapa rainha teve a Visma-Lease a Bike a controlar as fugas na maioria dos 202 km com um ritmo forte, mas no Alto del Cordal, segunda subida de primeira categoria do dia, foi a UAE Emirates a entrar ao ataque. A equipa de João Almeida fez desta vez um trabalho irrepreensível – com exceção de Juan Ayuso, que já deve ter descansado para tentar ganhar hoje… –, em especial com Jay Vine e Felix Grosschartner, que reduziram o grupo dos favoritos a menos de uma dezena, até darem lugar ao festival de Almeida, nos últimos 5,7 km.
A “Almeidada” eliminou depressa toda a concorrência, menos Vingegaard. O bivencedor do Tour seguiu sempre a roda do português, que foi sofrendo sem baixar o ritmo quando chegaram as rampas de 23% – a subida de 12,4 km tem inclinação média de 9,8%, mas perto do final atinge pendentes únicas no ciclismo mundial –, e nunca conseguiu passar. “Queria muito dar a vitória à família, mas ele mereceu”, admitiu o líder da Vuelta.
Além do triunfo, décimo da época e 23.º da carreira, Almeida colocou-se a 46 segundos de Vingegaard e deixou claro quem são os dois mais fortes. Tom Pidcock, sétimo no alto, manteve o terceiro posto, mas agora a 1m32s do português, e o Angliru até revelou o terceiro grande candidato ao pódio, Jai Hindley, australiano que venceu o Giro de 2022 e foi o terceiro no alto. Mas hoje há uma etapa que os homens da frente vão odiar. Tendo as pernas cansadas do Angliru, espera-os um final com duas subidas de primeira categoria, a última com os 16,8 da temida Farrapona.